Dois dias depois da receção do Rancho das Cantarinhas Flores das Tricanas de Abrunheira nos Paços do Município de Montemor-o-Velho, por ocasião da comemoração do 100 aniversário, o momento festivo continuou no dia 1 de setembro com um programa que tomou conta da Abrunheira, culminando com a muito participada Sessão Solene e Gala de Aniversário, na sede da FIRA – Filarmónica Instrução e Recreio de Abrunheira.
Depois da entrada ao som da tradicional “Noites de Luar”, António Leitão, presidente da Assembleia Geral da FIRA, congratulou-se pelo “nosso rancho ter chegado aos dias de hoje” e, ao destacar as particularidades da formação anfritriã, reforçou: “Enquanto durar o amor por estas cantarinhas, o rancho vai durar outros 100 anos”.
O rancho aniversariante atuou, pela primeira vez, a 30 de agosto de 1919 nos festejos em Honra de Nossa Senhora da Graça que foram “promovidos pelos mobilizados, desta encantadora Aldeia, que fizeram parte das expedições á Africa e á França, solenizando assim os feitos heroicos dos que se bateram pela liberdade e justiça, corregindo a tirania teutónica para bem da humanidade”, conforme se pode ler no cartaz da época.
Carlos Alves, na dupla função de presidente da União de Freguesias de Abrunheira, Verride e Vila Nova da Barca e de vice-presidente da FIRA – Filarmónica Instrução e Recreio de Abrunheira, começou por dizer que "o rancho começou para celebrar o fim da Primeira Grande Guerra e o regresso dos homens mobilizados sãos e salvos à Abrunheira”, todavia “foi também outra guerra, a Guerra em África, que quase fez desaparecer o rancho".
“O rancho tem sobrevivido e perdurado no tempo e, neste sentido, este rancho representa a génese do nosso povo. Apesar de existirem ranchos de cantarinhas, nenhum deles dança do princípio ao fim do espetáculo sempre com as cantarinhas à cabeça como faz o da Abrunheira”, reforçou, com orgulho e emoção.
Ao fazer referência “à carga simbólica que um centenário representa na vida das instituições”, o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, avançou que a formação abrunheirense “é um dos grupos de referência do nosso concelho” e sublinhou: “Esta é uma bonita forma de expressão da cultura popular. Quero destacar, por isso, o esforço e a dedicação das senhoras que tudo fazem para dar luz e brilho ao Rancho das Cantarinhas Flores das Tricanas de Abrunheira”.
Assim, o edil montemorense manifestou a intenção de que o trabalho de preparação das cantarinhas e das respetivas danças seja registado e que “a arte destes embaixadores do concelho” passe a integrar também a informação a ser disponibilizada no futuro Centro Interpretativo de Montemor-o-Velho.
Antes de descerrar uma fotografia alusiva ao centenário, na companhia de António Inácio, ensaiador do rancho, o edil montemorense partilhou com o muito público presente o troféu de Honra do Município de Montemor-o-Velho ao Rancho das Cantarinhas Flores das Tricanas de Abrunheira, cuja entrega decorreu na receção dos Paços do Município, no dia 30 de agosto.
Durante a Sessão Solene e Gala de Aniversário, o rancho foi interpretando algum do seu reportório, Rita Aguiar Fonseca declamou dois poemas da autoria de Maria do Carmo Cachulo sobre as vivências na Abrunheira, assim como foi feito um agradecimento ao maestro António Luís Mota pela colaboração que tem prestado ao rancho e uma homenagem ao ensaiador António Oliveira Inácio.
A par do momento festivo na sede da FIRA, a missa solene de aniversário, a romagem ao cemitério e o almoço-convívio foram outros dos momentos que marcaram a comemoração do programa do centésimo aniversário preparado para os dias 30 de agosto e 1 de setembro.
Recorda-se que o Rancho das Cantarinhas Flores das Tricanas de Abrunheira integra a FIRA, através da sua secção de folclore.