Em conferência de imprensa, realizada ao final da tarde de sábado, dia 21 de dezembro, no quartel dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, o Comandante Distrital de Operações de Socorro de Coimbra (CODIS) esclareceu que, graças às medidas de prevenção e às evacuações preventivas realizadas ao longo do dia, não existiram feridos. Só no concelho de Montemor-o-Velho, em Pereira, Santo Varão e Formoselha, 204 pessoas foram retiradas de suas casas: “a incerteza e a insegurança (em relação à reação da obra do Mondego ao caudal registado e que ultrapassou os limites de segurança) obrigou-nos a tomar medidas de prevenção, nomeadamente de evacuação das populações mais expostas nas margens do rio Mondego".
Carlos Luís Tavares informou ainda que o colapso da margem direita do rio Mondego, a montante de Formoselha, está a espraiar uma quantidade muito grande de água para os campos agrícolas, pelo que o CODIS avisa que se terá de aguardar “pelas próximas horas para verificar o desenvolvimento do colapso e a quantidade de água que sai em direção à sede de concelho e povoações a jusante de Montemor-o-Velho, nomeadamente a Ereira”. “No entanto, não podemos desacelerar a prevenção e o aviso às populações para terem cuidado com a possibilidade do rebentamento da margem esquerda" (que pode afetar desde o açude ponte, passando pelo concelho de Montemor-o-Velho até Soure), sublinhou.
Também o Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho alertou para o facto de que a existência desta rotura não é garante de que “não venham a existir novas roturas na margem esquerda e por isso continuamos em alerta máximo em Pereira e Santo Varão e vamos continuar a monitorizar a situação pois, na margem esquerda, o ataque da água, se acontecer, será muito rápido”.
Emílio Torrão afirmou ainda que a rotura é total e está a deitar para os campos “muitos milhões de metros cúbicos de água”. "As populações de Montemor-o-Velho, Carapinheira, Meãs do Campo e Ereira vão ter problemas nos próximos dias. Esta é uma verdade inquestionável”, concluiu. Por isso, o autarca montemorense garantiu que “não vamos baixar a guarda”: “as cautelas continuam a ter de ser muitas e as populações continuam a ter que estar preparadas para uma qualquer necessidade de saírem de suas casas. Ter uma muda de roupa, os medicamentos, os pertences que mais valorizam preparados para qualquer eventualidade”.
Emílio Torrão mostrou-se ainda preocupado com o Casal Novo do Rio, povoação que se situa perto de um dos diques que pode ser “peça-chave” no sistema de retenção das águas que estão a "chegar com grande força, quantidade e intensidade já ao Centro Náutico".
O edil alertou ainda para o facto "de que esta água que está a entrar vai demorar semanas senão meses a sair” e apelou à serenidade das populações.
400 operacionais, com embarcações e viaturas, estão no Baixo Mondego, preparados para intervir caso seja necessário fazer qualquer tipo de salvamento. No terreno estão corporações de bombeiros dos distritos de Coimbra, Aveiro, Leiria e Castelo Branco. Colaboram ainda a GNR, a PSP, uma equipa de fuzileiros, a Cruz Vermelha e uma equipa da força especial de bombeiros e proteção civil.