Biblioteca e Arquivo Municipais apresentam a exposição “Festas da Vila de Montemor-o-Velho em notícia”

Durante o mês de setembro, a Biblioteca Municipal Afonso Duarte (BAMD) e o Arquivo Municipal, através da exposição “Festas da Vila de Montemor-o-Velho em notícia”, convidam os visitantes a ficar a saber mais sobre o Feriado Municipal no ano que se cumprem 50 anos em que é celebrado a 8 de setembro.

Esta é uma oportunidade para ver o livro de atas com a deliberação da Câmara Municipal de 13 de julho de 1972, no hall de entrada do Arquivo Municipal, mas também para ficar a conhecer alguns dos cartazes e folhetos das festas de Montemor-o-Velho, disponíveis na BMAD e nas vitrines do 1º andar no edifício dos Paços do Concelho, assim como assistir, no espaço da biblioteca municipal, à apresentação multimédia “Festas em Notícia”.

 

Exposição “Festas da Vila de Montemor-o-Velho em notícia”

Horário/2ª a 6ª:

Arquivo Municipal: das 9h-13h

BMAD: das 9h30 às 18h

Paços do Concelho: das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30

 

Para saber mais:

Considerando a importância das comemorações das festas de Montemor-o-Velho ao longo dos séculos, é importante salientar que a elas estiveram intimamente ligados dois factos: por um lado, o feriado municipal e, por outro, a feira anual. A comemoração dos feriados municipais iniciou-se nos inícios do século XX, com a publicação do Decreto com força de Lei de 12 de outubro de 1910. Assim, em reunião de câmara de 3 de junho de 1911, foi deliberado a escolha do dia 28 de maio para feriado municipal, para comemorar o direito de voto do povo à eleição às Cortes Constituintes.

Em reunião de câmara de 6 de abril de 1914, foi deliberado a alteração do feriado municipal para 10 de agosto, dia de Nossa Senhora da Vitória, padroeira da vila de Montemor desde 20 de dezembro de 1746 (por provisão régia de D. João V). Recordava ainda a batalha travada com os mouros e da qual a guarnição do Castelo, comandada pelo Abade João, saiu vitoriosa. Não podemos dissociar este acontecimento da Capela de S. João, existente no cercado norte do Castelo (hoje em ruína). Era assim designada no “Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia pelos anos de 1320 e 1321” e a sua lotação era de 40 libras. Consta ter sido mandada edificar, a primeira capelinha, pelo Abade João, sob a invocação de S. João Evangelista, no local onde costumava entregar-se à penitência, sendo nela que este guerreiro celebrava as cerimónias de culto e instigava os habitantes de Montemor a combater os mouros. É tradição que a primitiva Virgem foi exposta ao culto, nesta capela, em 848, depois da vitória do Abade João, dizendo ainda que era invocando o seu nome que os defensores do Castelo combatiam: “Cerra, Cerra, por Santa Maria da Vitória!” – clamavam os cristãos, ao manejar a adaga ou a lança, nas pelejas contra os mouros ou na defesa do Castelo.

A Provisão de D. João V, de 20 de dezembro de 1746, que mandou que a Virgem Nossa Senhora, com o atributo de Vitória, fosse invocada como padroeira de Montemor, determinou também a reconstrução da capela. A esta capela está associada a festividade em honra da Senhora da Vitória. Foi, possivelmente, em 1746 que se realizaram pela primeira vez estes festejos e a última a 10 de agosto de 1863. Esta festividade prolongava-se por oito dias e nela participava o povo dos concelhos limítrofes e de vários pontos do País.

Das Festas fazia parte um simulacro de assalto: a praça da Câmara estava cercada por um palanque de seis degraus, em anfiteatro, tendo, do lado do Hospital da Misericórdia, um castelo, ocupado pelos cristãos; no lado oposto, erguiam-se várias tendas de campanha, nas quais se encontravam os mouros e o rei. Iniciava-se o espetáculo com um passeio, pelo campo, de D. Ramiro e sua gente, todos a cavalo, o qual era feito prisioneiro pelos mouros, mas conseguia fugir para o castelo, que era logo sitiado, resistindo com dificuldades. Do lado mouro, recebiam propostas para a sua entrega, sem que os cristãos acedessem. Começava então o fogo vivo de lado a lado e o Abade João incitava a que se combatessem os infiéis. Neste momento, os guerreiros abandonavam o castelo e iam ao combate direto. De repente, aparecia num nicho Nossa Senhora da Vitória e os mouros eram vencidos.

Outra parte da Festa era constituída pela procissão para a Igreja dos Anjos, na qual se incorporavam figurantes, representando os mouros prisioneiros, D. Urraca, irmã do Abade e seus três filhos, estes com um risco encarnado em volta do pescoço, representando o milagre da degolação.

Em reunião de câmara de 30 de junho de 1949, foi confirmado o feriado municipal a 10 de agosto.

O feriado municipal comemora-se a 8 de setembro, desde 13 de julho de 1972, Dia da Natividade da Virgem ou Santa Maria e ligação à ancestral feira anual. As feiras são a nota mais viva, o índice mais seguro do quotidiano de um povo. A vila de Montemor-o-Velho mantém, ainda hoje, duas feiras, de existência bem recuada no tempo e de extrema importância para a vida do Concelho.

A feira anual realiza-se no dia 8 de setembro, dia de Nossa Senhora da Natividade, teve a sua origem, provavelmente, na festa que nesse dia se realizou durante muito tempo no Hospital de Nossa Senhora de Campos e que envolvia toda a população da Vila. Foi o Infante D. Pedro, seu senhor, que solicitou a licença para a criação da feira franca em Montemor. Efetivamente, D. João I e D. Duarte, a pedido do Regente, concedem em 1426 a licença para aí se realizar uma feira franca de 1 a 15 de setembro. Porém, no tempo de D. Afonso V a sua duração encurtou para oito dias e, posteriormente, mudou-se para 4 dias antes da festa de Santa Maria de setembro e 4 dias após a mesma.

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