Na Praça da República, em frente à Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, os passos marcados com tinta vermelha no pavimento - numa alusão simbólica às mulheres vítimas de violência e discriminação, mas também à força feminina -, recordam-nos o caminho percorrido, mas sobretudo o (muito) que ainda há a percorrer, rumo a uma sociedade mais igual. A iniciativa, que mobilizou dezenas de colaboradoras da Câmara Municipal, faz parte da campanha: “Passo a Passo, até à Igualdade”, dinamizada pelo Município no âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se celebra hoje, dia 8 de março.
Ao início da manhã, o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, enalteceu o exemplo inspirador das trabalhadoras do Município que, com coragem, determinação e empenho, “diariamente dão o melhor de si para valorizar e fazer crescer o nosso Concelho. Ao olhar para vocês, revejo todas as mulheres e as conquistas progressivas que têm sido trilhadas no caminho da igualdade”. Para assinalar o Dia Internacional da Mulher e "reconhecer o contributo das mulheres que são parte integrante desta casa", Emílio Torrão ofereceu a cada trabalhadora um vaso com flores e uma mensagem.
Também a vereadora Diana Andrade destacou que “os direitos das mulheres são direitos humanos, o problema é que nós, mulheres, ainda estamos a ficar para trás, como podemos verificar pelos dados da violência contra mulheres, da desigualdade salarial ou da representação em cargos de liderança”. Com emoção, a Vereadora com o pelouro da Cidadania, Igualdade e Voluntariado recordou: “nestes anos ao serviço do Município de Montemor-o-Velho, eu vi, li e senti coisas que não quero que ninguém sinta, como se nós, mulheres, não pudéssemos alcançar estes lugares por mérito e pelo trabalho. É por isso que esta fortaleza feminina que temos vindo a construir no Concelho de Montemor-o-Velho, a celebração deste dia e os passos que o Município tem dado, são verdadeiramente importantes para alcançarmos a igualdade”.
O painel gigante, erguido na fachada da Câmara Municipal - com réplicas entregues a todas as freguesias e uniões de freguesia do Concelho -, é outra das ações realizadas pelo Município neste dia, sendo um alerta para os números alarmantes de situações de violência e discriminação em relação às mulheres. “Enquanto eu estiver aqui, assinalaremos sempre o Dia da Mulher desta forma, porque eu não quero que façamos parte das estatísticas, não quero que nenhuma de nós seja uma daquelas 17 mulheres assassinadas (em 2023) ou uma das 21 mil vítimas de violência doméstica”, frisou Diana Andrade.
O Município de Montemor-o-Velho estenderá ainda a campanha aos canais de comunicação digital da Autarquia, com uma sequência de vídeos sob o mote: “Passo a Passo, Jogo a Jogo, Pela Vitória da Igualdade”, protagonizado por jovens atletas que desbravam caminho num desporto maioritariamente praticado por homens, neste caso, o futebol. As primeiras atletas em destaque pertencem aos escalões de formação da ACDR Pereira, fazendo parte da única equipa do Concelho exclusivamente feminina. Partindo do seu testemunho, o objetivo passa por enaltecer a ambição, dedicação e capacidade de superação de todas as mulheres que diariamente contribuem para abolir barreiras, estigmas ou preconceitos em função do género.
E porque, neste “Passo a Passo, até à Igualdade”, é fundamental a colaboração e mobilização de todas as associações/instituições, foi enviado, para todas as IPSS do Concelho e aos elementos da Equipa para a Igualdade na Vida Local, o Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação 2023-2026, bem como outros documentos produzidos no âmbito da candidatura intermunicipal: “Região de Coimbra, com Igualdade”.
Recorde-se que o Dia Internacional da Mulher, reconhecido oficialmente pela Assembleia Geral da Nações Unidas em 1977, pretende celebrar os direitos que as mulheres conquistaram até ao dia de hoje, relembrando o caminho para a Igualdade. Defender causas como o direito ao voto, a igualdade salarial, a maior representação em cargos de liderança, a conciliação da vida pessoal e familiar com a esfera profissional, a proteção em situações de violência física e/ou psicológica ou o acesso à educação, continuam atuais porque, em vários pontos do globo, esses direitos continuam por cumprir.