Montemor vive Dia da Liberdade de elogio ao Poder Local

A Revolução dos Cravos foi assinalada em Montemor-o-Velho, esta terça-feira, com arte, música, intervenções e cravos vermelhos. Como há 43 anos, a democracia, a liberdade e a igualdade foram palavras de ordem e marcaram o dia 25 de abril de 2017.
 
As comemorações do Dia da Liberdade arrancaram na Galeria Municipal com a inauguração de uma exposição de trabalhos alusivos ao 25 de abril de 1974 pelos alunos do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho. Um “desafio lançado à comunidade escolar", mais particularmente aos alunos entre os 10 e os 15 anos das escolas básicas do 2º e 3º ciclo do concelho, que “nos leva numa viagem pelas diversas visões do 25 de abril e que nos mostra que esta revolução valeu realmente a pena”, assinalou o presidente da Assembleia Municipal montemorense, Fernando Ramos.
 
Ao som do Hino Nacional, tocado pela Associação Filarmónica 25 de Setembro, decorreu a cerimónia do hastear da Bandeira.
Ao longo da manhã, as diversas intervenções na sessão extraordinária da Assembleia Municipal recordaram o 25 de Abril de 1974, a evolução do país e do concelho e reconheceram a importância do Poder Local enquanto garante da Liberdade e escola de cidadania. No último 25 de Abril do atual mandato, foi feito, quase em uníssono por parte de todos os partidos e movimentos independentes com assento na Assembleia Municipal e representados no executivo municipal, um apelo à participação pública enquanto ato de cidadania e afirmação coletiva de liberdade e democracia da comunidade.
 
Os “43 anos passados sobre o 25 de Abril de 74" e os dias difíceis que a Europa, “em franca e declarada crise, dividida pelo seu próprio preconceito egoísta e nacionalista", vive foram a base do discurso do presidente do Município de Montemor-o-Velho: “É uma Europa a implodir sobre si própria”, afirmou. Apesar de “o  Portugal do pós 25 de abril de 1974 ser um país de permanentes sobressaltos, dúvidas e incertezas, equívocos e erros, muitos crimes impunes”, Emílio Torrão acredita que “a verdadeira revolução está dentro de nós” e que Portugal pode, imbuído no espírito e nos valores de Abril, seguir um caminho “diferente e vencedor, onde o seu povo ganha maturidade e cultura política para saber discernir o seu futuro com mais responsabilidade e seriedade”. O autarca montemorense reconhece no “municipalismo português, na sua originalidade empenhada e proximidade aos cidadãos desburocratizada, uma componente muito firme para o sucesso deste país, necessariamente com autarcas empenhados que permitirá tornar as economias locais mais vivas e concorrenciais, explorando todas as potencialidades endógenas do território, bem como dando às populações qualidade de vida e segurança para que as comunidades possam crescer na e com a região, no e com o país, para o mundo". 
 
Homem da ciência, o presidente da Assembleia Municipal, demonstrou que “mesmo em política não existe um caminho único para chegar a um determinado destino, e as soluções de política estão a aproximar-se muito da definição científica”: "uma solução não é mais que um soluto / problema que se pode dissolver um solvente, sendo que muitas vezes o solvente dito universal (ou a austeridade, em linguagem política) é o que melhor resolve o problema. 
 
Condicionantes externas, como a temperatura ou a agitação, também são aplicáveis em política. Ainda que por vezes estas variáveis ganhem outros nomes”. Fernando Ramos falou ainda do papel das Assembleias Municipais e deixou uma série de questões quanto ao processo de descentralização, que deverá ter uma palavra das Assembleias Municipais, e ao acréscimo de competências para aquele órgão. “Terá ou não chegado a maioridade às Assembleias Municipais?”, questionou. 
Depois do tradicional almoço na Associação Cultural Desportiva Recreativa e Social (ACDRS) de Quinhendros, as comemorações do 25 de Abril continuaram na freguesia de Santo Varão, com o grupo Saudades de Coimbra a (en)cantar com fados e música de intervenção. A tradicional sardinhada, a que não faltou muita música e animação, juntou algumas dezenas de pessoas no recinto da Feira.
 
O programa oficial comemorativo do Dia da Liberdade encerrou em Abrunheira, com a inauguração do Mural de Abril no Complexo Social Sénior da Casa do Povo de Abrunheira (CPA) e com um concerto pela Filarmónica Instrução e Recreio de Abrunheira (FIRA).
Da autoria de António Conceição e inserido no Mostr'Arte, o mural hoje inaugurado é, na opinião de Fernando Ramos, “indiscutivelmente de abril” e “simboliza o grito de revolta e libertação da mulher em relação aos seus direitos tantas vezes oprimidos”. 
Com a sala completamente lotada, a FIRA deslumbrou com um concerto especialmente idealizado para a ocasião. Para além de "Grândola Vila Morena”, a filarmónica tocou várias canções da liberdade: o "Hino do MFA", “E Depois do Adeus”, “A morte saiu à rua”, “Canção de embalar” e “Venham mais cinco”, a fazer recordar Zeca Afonso, e terminou com “Somos Livres”, também conhecida como “A gaivota voava, voava”. Na ocasião, o presidente da Assembleia Municipal, deixou palavras de agradecimento e elogio “à FIRA e às restantes três filarmónicas centenárias que responderam afirmativamente a este nosso desafio, construindo um repertório que honra o programa e expande a comemoração de uma data que não deve ficar circunscrita a um qualquer espaço oficial".

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