Discursos proferidos na Cerimónia Comemorativa do 43º aniversário do 25 de Abril de 1974

Discurso | presidente da Assembleia Municipal | Fernando Ramos | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

No dia de hoje, onde se comemora a Liberdade e a Igualdade, deveria ser regra dirigirmo-nos a todos os cidadãos de forma equitativa. Bastaria talvez dizer: “Minhas Caras Concidadãs e Meus Caros Concidadãos” ou então só “Exmas Senhoras e Exmos Senhores”, e estaríamos todos incluídos. Todavia, 43 anos depois, o Protocolo ainda é o que é, e o Presidente da Assembleia Municipal, enquanto tal, deve respeitá-lo. Assim,

  • Senhor Presidente da Câmara Municipal
  • Senhoras Vereadoras e Senhores Vereadores
  • Cara e Caro Colegas Membros da Mesa da Assembleia Municipal e demais Deputadas e Deputados Municipais
  • Senhores Presidentes de Juntas de Freguesia
  • Senhores Representantes Operacionais das Forças de Segurança e da Protecção Civil
  • Senhores e Senhoras Dirigentes Associativos
  • Senhoras e Senhores Funcionários da Autarquia
  • Comunicação Social
  • Minhas Senhoras e Meus Senhores
  • Senhor Director do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho,

Hoje, quero iniciar o meu discurso pela Escola. Não sob aquele prisma da pergunta “onde é que vais?” que recebe como resposta “vou para a Escola”… A Escola de que quero falar não é o “edifício”, com melhores ou piores condições, muito menos um destino, independentemente do significado que cada um de nós atribui à palavra “destino”.

A Escola, para mim, vai, sobretudo, para além do edifício. Se a Escola deve, de facto, centrar a sua acção principal nos Estudantes, ela não pode deixar de contar com os Professores e com os Funcionários não Docentes, com os Pais e as Mães dos Estudantes e demais Família, bem como com a Sociedade no seu global, representadas pelos mais diferentes sectores, desde a segurança à saúde, das comunidades religiosas ao poder político.

Por isso, e mesmo correndo o risco de ser acusado por estar a falar em causa que nos é comum, não posso deixar de manifestar aqui que andou bem, para não dizer mesmo muito bem, a Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho quando decidiu desafiar a Escola para as comemorações do 43º aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974.

A exposição dos trabalhos que acabámos de inaugurar, demonstra isso mesmo, mas as conversas que ocorreram em Arazede, na Carapinheira, em Pereira e em Montemor-o-Velho, especialmente entre os Estudantes e os Deputados e Deputadas Municipais, confirmaram, se necessidade houvesse, de que a iniciativa correspondeu, senão mesmo ultrapassou, as melhores expectativas que dela se esperava.

Se me atrevo a exprimir esta convicção, é porque pude perceber, por conversas espontâneas e ocasionais com alguns pais, que a iniciativa se fez sentir junto das famílias onde os estudantes, com idades entre os seis e os dezoito anos, não deixaram de questionar sobre o significado da data (os mais novos) ou como poderiam transmitir uma ideia do 25 de Abril através das Artes Visuais (nomeadamente os mais velhos).

Por isso, Senhor Dr. António Joaquim deixe-me agradecer-lhe a sua adesão imediata à iniciativa, mas sobretudo, solicitar-lhe que transmita a toda a comunidade escolar, de que é mui Digno Director, este público e sentido agradecimento.

Alargo este meu agradecimento aos Directores das nossas quatro centenárias Filarmónicas, bem como aos respectivos Maestros e Músicos que, também eles de imediato, disseram presente e construíram repertórios de concertos alusivos à efeméride que, como já ontem aconteceu aqui em Montemor-o-Velho e se vai prolongar logo à tarde na Abrunheira e nos próximos Sábado e Domingo em Verride e em Arazede, honram o nosso programa e expandem a comemoração de uma data que não deve ficar restrita aos espaços oficiais.

Renovo o convite que a todos foi feito para participar nas iniciativas programadas, permitindo-me relembrar, ainda para o dia de hoje, o almoço na Associação Cultural Desportiva Recreativa e Social de Quinhendros (13.00 horas), a inauguração do Mural de Abril na Casa do Povo da Abrunheira (16:00 horas), o Concerto da FIRA, também em Abrunheira (17:00 horas) e o final da tarde em Santo Varão com a sardinhada popular.

 

Tem-se vindo a observar, sobretudo nos últimos tempos, que as diferentes soluções para alguns dos problemas existentes na nossa sociedade, ao merecerem a contribuição de diversas forças políticas ao nível da Assembleia da República têm contribuído de forma bastante positiva para aumentar a confiança dos Portugueses no seu País, sejam eles mais jovens ou mais idosos, homens ou mulheres, trabalhadores ou empresários…

Ora, é sabido que a solução encontrada para o Governo do País, vulgo “Geringonça”, apesar da estranheza e do desconforto inicial, tem vindo paulatinamente a trilhar o seu caminho, muito à semelhança do slogan que Fernando Pessoa criou para a Coca-Cola: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se…”

Se necessário fosse, fica provado que, mesmo em política, não existe um único caminho para chegar a um determinado destino. Ou que as soluções políticas estão a aproximar-se muito da definição científica que em Farmácia lhe damos. Isto é, uma solução não é mais do que um soluto (o problema) dissolvido num solvente, sendo que, muitas vezes, nem sempre o solvente dito universal (leia-se a água, neste caso) é o que melhor e mais rapidamente resolve o problema. Condicionantes externas como pH do meio, luz, temperatura e agitação, só para citar as que mais frequentemente são modificáveis para obter uma mais rápida e duradoura resolução, também são aplicáveis em política, ainda que, por vezes essas variáveis ganhem outros nomes.

Mas a que propósito vem todo este “arrazoado de palavras”, com a Assembleia da República a ser tomada como arquétipo?

 

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Estareis certamente atentas e atentos e já tereis ouvido falar que está em curso mais um processo dito de descentralização. Independentemente da forma como cada um interpreta este conceito, uma coisa é certa: Até agora (e era bom que fosse diferente a partir de agora) nada chegou à Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho e, como compreenderão, nem a nenhuma Assembleia Municipal deste País. É certo que estamos sempre a tempo de ser pró-activos e emitirmos a nossa opinião. Mas não seria mais correcto que o processo envolvesse os Órgãos do Poder Local e nomeadamente as Assembleias Municipais do País?

Ou será que, a exemplo da maioria dos estudantes do nosso Concelho, também a Administração Central não sabe, sequer, que existe um Órgão do Poder Local chamado Assembleia Municipal?

Acresce, ainda, que sendo as Assembleias Municipais, por assim dizer, filhas dilectas da Revolução do 25 de Abril de 1974, não se compreende a sua dispensa de participação obrigatória, pelo menos a meu ver, num tema como a descentralização…

Mais, parece-me que a maturidade já alcançada pelas Assembleias Municipais deveria permitir que lhes fossem outorgadas mais algumas competências. É verdade que as Assembleias Municipais podem paralisar uma Câmara. Basta não aprovar o Orçamento. Mas não será demasiado redutor o papel das Assembleias Municipais em aprovar ou não os documentos propostos pelas Câmaras Municipais? Será que às Assembleias Municipais não deveria ser permitido alterar as propostas da Câmara, se a maioria dos Deputados Municipais assim o entendesse?

Não terá chegado a hora da “maioridade” das Assembleias Municipais?

Sei que essa designada “maioridade” das Assembleias Municipais é uma espada de dois gumes que nos coloca perante oportunidades e riscos. Mas, se tivermos em linha de conta os dias de hoje parece-me que os riscos são diminutos, tendo em atenção a experiência já acumulada por este e demais Órgãos semelhantes.

Como é comum dizer-se, e vós estareis também a fazê-lo, muito provavelmente. Depois de ouvir o que eu disse uns dirão: “ele disse algumas coisas boas, mas não são dele…” ou então “ele disse algumas coisas originais, mas essas não são boas…”

Ou seja, parafraseando José Carlos Ary dos Santos,

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Como não sou poeta, apesar de acreditar que é desejável e possível sonhar, resta-me deixar-vos com António Gedeão:

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

Termino com música como é meu hábito. Hoje deixo-vos com uma peça de um Luso-Americano John Philipp de Sousa “A life on the ocean wave” que muitos recordam como o Hino do MFA.

Muito Obrigado.

 

 

 

 

 

Discurso | bancada do Partido Socialista | Albertina Jorge | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Exm.º Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho, Exm.º Senhor Presidente da Câmara, Exmºs Vereadores, Exmºs colegas membros da Assembleia Municipal, Exmºs Presidentes de Junta de Freguesia, Exm.º Sr. Comandante do posto da GNR de Montemor-o-Velho, Exm.º Sr Diretor do Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Velho, Exm.º Sr. Comandante dos Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Velho, demais entidades e convidados presentes, minhas senhoras e meus senhores, a todos os meus cumprimentos.

É com inestimável honra e orgulho que me encontro aqui, para, em conjunto, comemorarmos, mais uma vez o aniversário do 25 de Abril de 74, o seu 43º aniversário.

Tal realidade constitui, por um lado, a comemoração de mais um ano de democracia em Portugal, e, de outra parte, por coincidência, o encerramento de mais um ciclo eleitoral autárquico, dado estarmos em ano de eleições.

Sim, de eleições.

Mas de eleições com um significado especial. Aquele significado a que o 25 de Abril nos habituou.

Tratam-se de eleições livres e gravadas no catálogo de direitos de ambos os géneros – homens e mulheres -, como uma das conquistas da alvorada de abril.

Um abril que, às vezes, por ser dado como dado adquirido, é esquecido. Esquecido de tal forma que, cada vez mais, os mais novos se afastam e desinteressam da vida política e até do dever cívico de participação na vida democrática do seu país, quanto mais não seja, através do exercício do direito de voto.

Em termos autárquicos este não foi um mandato fácil. No início do mandato, deparamo-nos com estrangulamentos e constrangimentos financeiros inimagináveis. Sim, inimagináveis, porque ainda que houvesse consciência das dificuldades, era impossível ter consciência clara, para quem vinha de fora, da realidade financeira do concelho.

Durante os primeiros anos foi feita obra que nem para todos era visível, mas foi feita e, claramente, que a maior de todas foi o saneamento financeiro efetuado.

Recuperámos a nossa autonomia financeira e, com ela, a nossa liberdade de ação, sem restarmos dependentes nem de controlos de PAEL, e muito menos de FAM (que ainda esteve apontado à nossa cabeça). A obra hoje em curso, ainda que mais visível, não é eleitoralista. É feita na altura possível, depois de reposta a estabilidade financeira. Mas relembro, nunca deixou de se fazer obra, de se modernizarem os serviços, o atendimento ao público, a melhoria do serviço de águas, a recuperação do parque de máquinas municipais, o apoio à cultura, ao associativismo, à educação, à CPCJ, aos serviços sociais da Câmara, o apoio à nossa Juntas de freguesia, entre tantas outras coisas que, por serem tantas, são impossíveis, de enumerar agora, daí que estas sejam meramente exemplificativas. Mais uma vez, tenho orgulho do PS, dos seus eleitos, que no executivo fizeram, com os funcionários (que nunca podemos esquecer) um trabalho que deixa marcas de progresso, desenvolvimento e bem-estar no nosso concelho.

Sr. Presidente da Câmara, Srs Vereadores que apoiam e suportam o executivo, bem-haja pelo excelente trabalho desenvolvido.

Srs vereadores da oposição, o nosso muito obrigado, não menos reconhecido, e muito prezado, pelo, também, excelente feito em prol do município e dos seus munícipes.

Democracia é isto. Há posição e oposição, há liberdade de opinião e de expressão, há a luta pelos projectos e opções, que podendo ser diferentes, são sempre em prol do bem-estar comum e do desenvolvimento do concelho

E porque, estamos a 5 meses de eleições, quero também deixar o bem-haja, o meu agradecimento pessoal, político e institucional a todos os presidentes de Junta de Freguesia do nosso concelho, a todos, reforço, quer sejam eleitos pelo PS, pela coligação PSD/CDS-PP, ou como independente. A todos reconheço um trabalho de eleição, de esforço e dedicação, com prejuízo da vida profissional e pessoal, que urge reconhecer e saudar, valorizar e agradecer.

Repito, a todos, sem exceção, muito obrigada, pelo trabalho desenvolvido.

Aos meus colegas membros da Assembleia Municipal reconheço o interesse e empenho na luta pelo bem estar e desenvolvimento do nosso concelho, mesmo que isso, por vezes, levasse a discussões mais acesas, e às vezes, nem sempre da forma mais correta.

Ao Sr. Presidente da Assembleia Municipal, Prof. Dr. Fernando Ramos, ilustre referência da ciência do nosso país e deste para o mundo, utilizando uma sua expressão, tiro o meu chapéu, pela forma cívica, elevada, superior com que sempre conduziu e continuará a conduzir os trabalhos deste órgão, mesmo quando, injusta e pessoalmente atacado, de forma, muito pouco democrática e correta. Sr. Presidente, obrigada pela honra que nos dá ao presidir este órgão.

Por abril, no sentido democrático da palavra, e na comemoração do seu dia 25 de 1974, não posso também deixar de prestar a sentida e merecida homenagem a uma enorme, grandiosa, se não a maior, referência da Democracia e da Liberdade em Portugal no século XX.

Sim. Estou a referir-me ao Dr. Mário Soares.

Já partiu, mas a todos (mesmo àqueles que nele se não se reviam politica e ideologicamente) deixou o seu exemplo, o seu legado. Por isso, agradecendo, estaremos eternamente reconhecidos pelo seu papel no desenvolvimento do país, da sua integração na Europa e da nossa democracia.

Também com o exemplo, a sabedoria por este grande vulto, hoje, Portugal, com o governo PS a liderar tem mostrado que é possível governar sem estrangulamentos económicos, que é possível combater o deficit sem ser à custa dos rendimentos dos trabalhadores. Felizmente,  os partidos de esquerda que suportam o governo, percebem as necessidades do país e colocam-nas acima dos seus interesses meramente partidários.

Cooperar para o bem do país, digo sim!

Estar na oposição para ser-se mero instrumento de contrapoder, tentando obstaculizar o crescimento económico, social, cultural entre outros, decididamente, digo não!

Por fim, mas com o mesmo enfase, uma palavra de apreço ao Sr. Presidente da República que cumpre, na íntegra, as suas funções e competências, projetando o seu agir em prol do bem comum.

Temos uma democracia consolidada.

Mas porque comemoramos o 25 de abril, a Liberdade, a Democracia, urge recordar o que esta significa e que aos capitães de abril tanto custou a conseguir alcançar.

Durante cerca de 40 anos vivemos em ditadura, em opressão, sem direitos, liberdades e garantias.

As novas gerações já não se lembram disso. A história começa a ficar esquecida, arrumada numa prateleira, e o que é pior: a de não saber nem querer saber.

Precisamos de educar os nossos jovens para os valores da democracia. Precisamos de os lembrar que as  principais funções da democracia são a proteção dos direitos humanos fundamentais, como as liberdades de expressão, de religião, a proteção legal, e as oportunidades de participação na vida política, económica, e cultural da sociedade.

A crise económica, o extremismo religioso, os atos de terrorismo estão a levar a democracia mundial e europeia a viver um tempo que até diria quase sem precedentes, se … a história não fosse cíclica, e um pouco antes da segunda guerra mundial, não vivêssemos (salvo as devidas diferenças que os anos trazem) uma época parecida.

Precisamos não esquecer para não repetir. O medo, a xenofobia, o racismo começam a imperar um pouco por todo o mundo. Os partidos de extremos (de direita ou de esquerda) começam a ganhar terreno. Exemplos temos muitos: Estados Unidos da América, Turquia, Rússia, Coreia do Norte… Perigos de guerra eminente. Atentados, bombas, armas nucleares, restrições de direitos, liberdades e garantias.

Temos uma Europa que parece estar a desmoronar-se, cuja união começa a desfragmentar-se. Uma Europa que por medo de uns poucos terroristas, pensa cada vez mais em fechar fronteiras, impedir a emigração, proibir a permanência de estrangeiros nos seus países. Fomos e somos um povo de emigrantes, antes de mala de cartão, agora os de formação e qualificação superior. Precisamos de ser tolerantes, de dignificar e acolher todos os povos, especialmente aqueles que são obrigados a fugir do seu país, depois de tudo perder, bens e familiares.

Precisamos de ensinar aos jovens que a democracia, podendo não ser perfeita é o melhor de todos os sistemas políticos. Precisamos todos de não ter medo e não voltar à radicalização de direita que esteve nos primórdios da segunda guerra.

Com uma liberdade que celebra hoje os seus 43 anos, temos de ter memória e dar a conhecer aos outros povos, talvez já mais esquecidos, que a ditadura não é solução.

A opressão de liberdade de opinião e de expressão é um dos maiores atentados à dignidade humana. Vivemos 40 anos de ditadura, de opressão política, de perseguição e prisão pela PIDE. Não nos podemos esquecer disso.

Nem podemos esquecer que, mais uma vez, o nosso pequeno país, foi grandioso. Foi exemplo para o mundo. Conseguimos fazer uma revolução, um golpe de estado, derrotar a ditadura e implantar a democracia, uma revolução, com…cravos. Cravos vermelhos! Cravos que enfeitaram as armas empunhadas pelos soldados.

Façamos hoje esta imagem correr mundo, que ele bem precisa.

Penso que nunca é demais recordar que a data de 25 de abril de 1974 é inesgotável para todos aqueles que amam a democracia e que a consideram uma das datas mais felizes para o Povo Português.

Temos o dever de transmitir aos mais novos que Portugal não era como o encontramos hoje, e que tal facto deveu-se, inegavelmente, à revolução dos Capitães de Abril e às conquistas subsequentes. Ou seja, como dizia o poeta Ary dos Santos “ Às portas que Abril abriu”.

Termino com um dos slogans da época e que hoje tanto precisa ser lembrado, um pouco por todo o mundo.

Vamos, hoje e sempre, continuar a gritar bem alto

DEMOCRACIA SIM, FASCISMO NUNCA MAIS!

 

Viva o 25 de Abril!

  Viva Montemor- o-Velho!

     Viva Portugal!

 

 

 

 

Discurso | bancada da coligação PPD-PSD / CDS-PP | Ana Cristina Jorge | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Exmo Sr Presidente da Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho

Exmo Sr Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho

Exmos Srs Presidentes das Juntas de Freguesia

Exmos Srs Vereadores

Exmos Srs Deputados Municipais

Caros Munícipes

Meus Senhores e Minhas Senhoras:

Reunimo-nos hoje, para comemorar o dia 25 de Abril de 1974. “Celebrar esta data é celebrar um dos dias mais marcantes do nosso país”.

Neste discurso do 25 de abril, o último deste mandato, irei abordar 3 eixos fundamentais: os jovens e a política, as mulheres e a política e um balanço final sobre a governação do atual Executivo.

Sobre os jovens e a política

Entendeu a AM através dos membros da Comissão Permanente, nos dias 20 e 21 de abril, realizar ações nas escolas que contaram com a participação empenhada dos professores e alunos que para além de nos ouvirem, interagiram, fizeram trabalhos magníficos e apresentações excelentes. Para todos o nosso reconhecimento e agradecimento na pessoa do Sr. Diretor que se empenhou juntamento com o Sr. Presidente da AM para o sucesso desta iniciativa.

Cada um dos membros da Comissão Permanente transmitiu aos mais jovens (nessas ações) o caminho que tantos homens e mulheres, deste país, fizeram para que alcançássemos a liberdade e ainda a importância dos órgãos locais que nasceram fruto da democracia que o 25 de abril veio implementar, nomeadamente a Assembleia Municipal, a importância da mesma e as suas competências.

Sabemos que os jovens se afastam, da vida política pois existe uma insatisfação crescente com o funcionamento do nosso sistema político. Os partidos, nas suas estruturas locais e nacionais criar condições para que os jovens participem nas decisões que lhes dizem respeito. Por isso é necessário encontrar soluções que respondam ao tipo de participação que as novas gerações estão dispostas a dar, na construção e no futuro da democracia.

Sobre as As mulheres e a política

Nas últimas décadas quer em Portugal, quer por muitos países, as mulheres, alcançaram direitos de igualdade à custa de muita luta, muito trabalho e dedicação.

Porém nos partidos políticos as suas estruturas são maioritariamente constituídas por homens. É tempo de mudar, nos partidos políticos nas estruturas locais e nacionais, não nos podemos calar nem acomodar. É necessário convidar e implicar as mulheres na política, para que, as mesmas se envolvam e participem nas decisões políticas do seu concelho e do seu país.

Sobre a participação política das mulheres gostaria de deixar uma palavra de agradecimento a todas quantas se disponibilizaram para fazer parte das listas, nas últimas autárquicas, em especial as que fazem parte da minha bancada e que comigo têm trabalhado de forma abnegada. Para elas o meu muito obrigado.

Finalmente sobre a governação do Partido Socialista no nosso município.

O nosso concelho, possui infraestruturas, na sua grande maioria fruto dos anos do Executivo da coligação do PPD/PSD-CDS-PP. Teremos de recordar os projetos e investimentos, no campo da educação, do desporto, da cultura, do apoio ao associativismo, da saúde, da economia, do ambiente etc., valorizando ainda as potencialidades turísticas, económicas, sociais e de inovação, infraestruturas tão criticadas, pelo atual executivo. No entanto, hoje podemos ver que o atual executivo publicita, na faixa que tem na rotunda do tribunal, onde se lê “viver a história, sentir o progresso”, onde está patente uma dessas grandes obras do passado o CAR, afinal valeu a pena!

Aguardámos, da parte do atual executivo uma estratégia que se visse, com o estabelecimento de metas e objetivos, de planos de ação concretos, com uma implementação eficaz, com uma monitorização atenta e com uma avaliação efetiva do seu desempenho, mas tal não aconteceu! Fomos desanimando ao longo destes anos pelas seguintes razões:

1- quando analisámos Planos Estratégicos e nunca conseguimos perceber que estratégia de curto, médio ou longo prazo, como se fizéssemos um caminho sem norte. Fomos verificando os documentos de prestação de contas, com baixas execuções orçamentais e aumento da despesa corrente, indiciadora de falta de controlo e critério na gestão corrente;

2- com a redução significativa das transferências para as Juntas de Freguesia e para o tecido associativo apesar do relevante aumento (bem acima da previsão orçamental) da receita de impostos pagos pelos munícipes deste concelho (IMI, IMT, IUC, Derrama), bem como o aumento da participação no IRS e aumento das receitas da água e saneamento, mas é certo que lhes permitiu a apregoada estabilidade financeira (à custa dos contribuintes, claro!).

3- verificámos a queda de importantes candidaturas com financiamento aprovado, que não são possíveis com o novo quadro comunitário 2020.

4- não se apostou no desenvolvimento do empreendedorismo de base local, tirando partido dos talentos, da criatividade, das infraestruturas e dos recursos naturais de que dispomos para competir à escala regional e nacional, lutando pelo nosso concelho que tem particularidades muito especiais e uma riqueza invulgar.

5- quando não vimos uma política direcionada para os nossos jovens, no apoio aos mesmos em diferentes setores, iniciativas e soluções acompanhando as necessidades que hoje a sociedade exige, de forma a que os mesmos não deixem a sua terra e partam deixando-nos mais pobres.

6- ainda a falta de politicas sociais para os mais carenciados e idosos.

Concluímos que não se implementou uma governação assente na democracia participativa, que fomentasse a responsabilização de todos os sectores da comunidade na tomada de decisão, tal deveu-se essencialmente à falta de estratégia política, à falta de capacidade de negociação, não foram encontradas as melhores soluções para o futuro coletivo do nosso concelho. Acresce, para terminar, que sistematicamente se apontou o passado, como culpa de tudo o que não se conseguiu fazer, não se quis ou não se soube.

Finalmente gostaria de deixar, uma palavra de reconhecimento e agradecimento a todos os deputados (as) municipais da minha bancada, Presidentes de Junta e Vereadores, pela sua empenhada colaboração, participação, responsabilidade, trabalho e dedicação numa verdadeira participação cívica, ao serviço do seu concelho e dos munícipes.

Termino relembrando que devemos celebrar o passado com sentido de futuro. Só assim estaremos à altura do presente em que vivemos. O presente exige de todos nós a mesma coragem com que, há 43 anos, construímos juntos um Portugal livre e democrático.

 

VIVA O 25 DE ABRIL

VIVA O “NOSSO CONCELHO DE MONTEMOR-O-VELHO”

VIVA PORTUGAL!

 

 

 

 

Discurso | bancada da CDU | Ricardo Brites | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Senhor Presidente da Assembleia Municipal; 

Senhor Presidente da Câmara Municipal;

Senhoras e Senhores Vereadores;

Senhoras e Senhores Deputados Municipais;

Senhores Presidentes de Junta;

Senhores Dirigentes Associativos;

Senhoras e Senhores Convidados;

Caras e Caros Munícipes;

O essencial faz a vida valer a pena, e para mim basta o essencial...

O essencial sobre o 25 de abril não está escrito, não está pensado nem muito menos concretizado... para quem o não sabe ler, para quem não o idealiza, para quem não o vive.

O meu 25 de abril está onde eu o consigo imaginar, está onde faz a vida valer a pena.

No passado domingo, 23 de abril, dia mundial do livro, encontrei algures o caminho das aves, jose casanova, (militante comunista, resistente antifascista, entre outras vidas, também escritor). Reparei que já não tinha a versão por ele autografada há alguns anos aqui em montemor... mas uma outra mais recente. Pois, assim como os capitães de areia de jorge amado,  vão passando de mão em mão nesta obra, também a minha primeira versão acabou por conhecer o mesmo destino, (sei a quem o entreguei, não sei se continuou que nem Pedro Bala, por aí).

Mas foi aqui novamente, que folha após folha, capítulo após capítulo, o 25 de abril surge de novo e faz a vida valer a pena.

O antes, o tenebroso antes, o durante, o fantástico durante e o depois, o depois de abril e o depois de novembro...

O antes, o tenebroso antes...

Mais tarde, muito mais tarde, parece-lhe, volta a si. Sente dores agudas em todo o corpo, não geme porque decidiu não gemer, crostas de sangue espesso colam-se-lhe no rosto tão inchado que quase lhe tapa os olhos, contudo sorri um sorriso feliz. Vá lá a gente entender a natureza humana! A verdade é que o medo grande foi-se embora, desapareceu o peso enorme que o oprimia, cada uma das mil dores que lhe trespassam o corpo é um ponto  a seu favor e todas juntas são a multiplicada alegria de relembrar, em paz, sorrindo como se disse já, os rostos amigos de todos os amigos, do filho, da mulher.

Ouve o barulho de passos no corredor, passos de várias pessoas, firmes, decididos, com destino marcado, aproximando-se. Entram dois dos pides já seus conhecidos, e um terceiro com fato, gravata, perfume, anéis e ares de chefe. E voz: ora cá está o triplo herói pronto para morrer pela democracioa, pela liberdade e pelo partido. Assim é que eu gosto deles. Vê lá se deixas escrito em que material queres que seja feita a tua estátua lá na terra porque quem vai tratar-te da saúde sou eu. Mas temos tempo. Muito tempo. Amanha falamos. Amanha cantarás tudo o que eu quiser ouvir.

Errado: o tempo acabou-se-lhe, amanhã outros serão os amanhãs que cantam, acaba de nascer o dia novo.

 

O durante, o fantástico durante...

Eis o sonho sonhado ganhando forma, materializando-se nas ruas de Lisboa cheias de gente feliz. Augusto chora aquele chorar de que é costume dizer-se: parece uma criança. A alegria da cidade, os cravos nas mãos, nos cabelos, nas espingardas, disparam lembranças, acendem referências, empurram à memorização do tempo ora acabado, dos muito perigosos perigos passados, valeu a pena: com os múltiplos fios da coragem e da dignidade, tecer com lentura o dia novo, atiçar a recusa à cumplicidade, organizar o inconformismo, pluralizar a rebeldia, urdir a revolta, construir a vitória, venceremos!

Tão certo como dois e dois serem quatro, mas quanto tempo esperaremos ainda? Esperaremos o tempo necessário, quem espera sempre alcança? Quem espera nunca alcança se esperar apenas, nós esperamos lutando, por isso a nossa espera é esperança e certeza.

 

E o depois, o depois de abril...

O pide está temeroso, a voz do medo, persistente, segreda-lhe pavores: nunca se sabe, os gajos são espertos, a tua experiência de hoje viveram-na eles durante anos, basta que um, apenas um, siga o teu exacto raciocinio... tem medo o pide, deixá-lo tê-lo, pensa que o tempo é de colher as tempestades geradas por ventos semeados em dias de ódio. Não é, e muito menos no seu concreto caso, contudo não lhe daremos a tranquilidade de saber que nada virá a acontecer-lhe. Compensemo-nos, no entanto, observando-o borrado de medo, roído pelas relembranças do antigamente perdido e ali presente nos caixotes cheios de bugigangas outrora enviados, ouçamos o carpimento das suas mágoas, os seus lamentos, como é que esta merda aconteceu, assim de repente, porra, estou desgraçado – ou, dito de outra forma: o que será de mim se a hora for de olho por olho dente por dente? Cego e desdentado ficarei.

Geme e chora o pide em voz susurrada: estou tramado – de certa maneira está, contudo e infelizmente não como sente.

Deixemo-lo entregue ao suplício dos seus temores, esquecido da coragem ostentada enquanto não precisou de a utilizar, e rumemos à nossa cidade.

Há um cheiro novo e fresco na cidade, como se a tivessem semeado de hortelã, é outro o amanhecer de Lisboa nestoutro dia entretando nascido, brilha uma claridade nunca vista nos rostos dos que, continuando na rua e nao tendo dormido, parecem contudo repousados e felizes, vá lá a gente entender isto.

Rendeu-se a PIDE finalmente, repita lá isso, ó amigo, rendeu-se a PIDE finalmente, mais uma vez, rendeu-se a PIDE finalmente, obrigado era só para ter a certeza.

Voltando à matéria de primeiro: rendeu-se a PIDE finalmente e, com isso, crescem a esperança e a confiança e atenuam-se as dúvidas de temores. Marcelo e Tomás foram levados em avião militar para o Funchal onde, diz-se, ficarão vigiados, vigiados? Então não os prendem? Vigiados é o que foi dito, para não sermos como eles – e assim se demonstra serem muitas vezes as boas intenções exemplos de sérias e perigosas injustiças, pelo que delas está o inferno à cunha – um dia destes piram-se para o Brasil ou para a Argentina e adeus minhas encomendas, afinal não estou a gostar disto outra vez.

Aguente aí, as coisas nunca passam exactamente como desejamos, o importante é o sentido global da evolução e esse é-nos favorável, está a perceber? Não muito bem.

E o depois de novembro (com pronúncios ainda em abril)

Eis senão quando, vindo de fora do MFA, chega um general, melhor fora que viesse um capitão, digo eu, sem dúvida, mas quem chega é um general, com o intuito, diz-se de agarrar o poder antes que ele caia na rua, eventualidade perigosíssima na unânime opinião do que é forçado a largá-lo e do que se prepara para o apanhar do ar à mão. Não estou a gostar nada disto, menino, não tarda muito temos aí um padre e está feita a santíssima trindade, estamos aqui, lado a lado com os soldados, deixa vir o general e o padre, hoje Deus põe e o povo dispõe, isto não me cheira nada bem, o melhor é pores-te a pau, quem te avisa teu amigo é.

Mas façamos a vida valer a pena com o essencial...

Está, pois, o operário em construção e com receita de construir. O traço é três por um: juntam-se três baldes de areia com um de cimento e caldeiam-se até não se ver mais nem areia nem cimento; da mistura faz-se um monte de forma de pequeno vulcão, no cimo do qual, com o olho da enxada, se abre uma cratera; enche-se esta de água, revolve-se tudo tantas vezes quantas as necessárias para a massa ficar pronta e serve-se ao mestre com colher, trolha, prumo, nível, esquadro e tijolos – dê-se-lhe tempo necessário para aprender do acto o verdadeiro sentido e, Vinicius o diz, o operário em construção passará a operário construido. Pensa o rapaz em voz alta: constroi-se uma casa como se planta uma árvore, cavo uma cova ou abro um cabouco, coloco lá a árvore ou a verga de ferro, vou pondo terra e estrume ou cascalho e cimento, e está feito o mais importante. Depois a árvore ganha raízes e cresce ou é só levantar a parede – até dar fruto: estão a casa e a árvore feitas.

O essencial é isto, mas não é só isto...

viva Abril!

 

 

 

 

 

Discurso | bancada do Movimento Independente de Cidadania Por Amor a Esta Terra | José Oliveira e Sousa | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Meus Senhores e Minhas Senhoras

Estou aqui por amor, por amor a esta terra, que sobre o lema constituímos o Movimento Independente de Cidadania Por Amor a Esta Terra, que se candidatou nas últimas eleições autárquicas, tão somente, para dar dignidade e esperança às pessoas deste concelho, para lhe dar também voz, ausente e silenciada há demasiado tempo pelas lógicas partidárias, em que os seus problemas, ansiedades, necessidades e esperança, ganharam nova cor, no ambiente cada vez menos aberto a essa mesma voz.

Meus Senhores e Minhas Senhoras

Nós no Movimento Independente de Cidadania Por Amor a Esta Terra, dizemos presente, agora e no futuro, para situarmos o povo de Montemor, novamente no centro da atenção autárquica, à semelhança do que fora feito há 41 anos e, longamente esquecido nas conveniências partidárias.

Nós somos do povo, para o povo e pelo povo !

Meus Senhores e Minhas Senhoras

Estou aqui honradamente em sua representação e associamo-nos e solidarizamo-nos em mais um aniversário do 25 de abril, data que constituiu um marco histórico da nossa democracia, que nos restituiu a liberdade e nos deu uma nova constituição, a qual é o garante dos nossos direitos de cidadania e, nos restituiu o poder local que nos permite administrar o nosso território na resolução dos problemas das populações.

Meus Senhores e Minhas Senhoras

A liberdade não é para todos !   

Para aqueles que levaram o nosso País à bancarrota, políticos, banqueiros e demais personagens que se aproveitaram do poder político, nomeando gestores e amigos para altos cargos no Estado e em empresas públicas, sem formação devida e sem sentido de responsabilidade da causa pública, esses estão em liberdade e o resultado está à vista de todos.

Para os outros cidadãos que perderam o emprego, com a forte austeridade que todos nós temos vivido, esses perderam a esperança e a liberdade e, para os mais novos que não encontraram aqui o seu sustento e o seu futuro, foram obrigados a emigrar, com todas as consequências nefastas para as famílias e para o nosso País.

Meus Senhores e Minhas Senhoras

Temos um concelho lindo, temos tudo para nos desenvolvermos, mas não temos tido ninguém com arte e com engenho e, com verdadeiro empenho à causa pública, para dar esperança às pessoas.

Temos tão só um concelho que esmifra os seus cidadãos com taxas e impostos, que ano após ano, aumentam substancialmente, sem quaisquer contrapartidas sociais.

Senão vejamos entre outras:

- Pagamos a água que é nossa, a um preço elevadíssimo;

- O IMI é dos mais elevados de entre os concelhos limítrofes;

- Nem todas as crianças usufruem de transportes escolares;

- Os polos industriais estão como veem;

- O associativismo está depauperado.

Como podemos então fixar pessoas se não lhe proporcionamos condições?

Meus Senhores e Minhas Senhoras

Temos de fazer renascer abril com outra gente e, acreditar que somos capazes de voltar a dar esperança e dignidade às pessoas deste concelho, e isto é o que vos propõe o Movimento Independente de Cidadania, Por Amor a Esta Terra.

Viva o 25 de abril!

Viva Montemor-o-Velho!

Viva Portugal!

 

 

 

 

Discurso | Presidente da Câmara Municipal | Emílio Torrão | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Senhores Vereadores do Executivo Municipal

Senhores Membros da Assembleia Municipal

Senhores Presidentes de Junta de Freguesia

Senhoras e Senhores representantes das Entidades presentes

Senhoras e Senhores

 

O meu discurso na presente Assembleia Municipal, nesta particular data comemorativa do 25 de Abril de 1974, começa, mais uma vez, com uma citação de uma figura ilustre da nossa cultura e literatura – José Saramago, “A única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental, e portanto cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo.”

Passados quarenta e três anos desde o 25 de Abril de 1974, temos consciência que metade de uma vida de um homem médio já teria sido vivida neste período pós-revolucionário, ou que algumas gerações já puderam vivenciar e tomar consciência desta nova vida em democracia, gerida e conduzida por políticos eleitos em eleições livres e com o voto dos cidadãos deste país, situado mais a sul de uma Europa que vive dias difíceis, sonhando, quem sabe, por uma revolução que a justifique e a afirme no mundo!

Vivemos plenamente integrados numa Europa, que tende a desagregar-se no seio da sua própria democracia, dos seus próprios direitos, liberdades e garantias, no seu próprio conceito de economia e gestão financeira. É uma Europa em franca e declarada crise, dividida no seu próprio preconceito egoísta e nacionalista.

Falta aos europeus espírito europeísta, vive-se a ideia em vários países da Europa que estar fechado sobre si mesmo é mais seguro e assertivo, pois o vizinho não é de confiança e pode ficar mais forte que os demais...

É o Reino Unido, mais propriamente, a Inglaterra que decide sair da União Europeia, declarando e assumindo formalmente o que sempre foi uma postura calculista e pouco convicta de quem sempre esteve dentro e fora, ao sabor das suas próprias conveniências e interesses…

É uma França, fustigada por sucessivas vagas de ataques terroristas, cada vez mais entregue às ideias ultra nacionalistas de extrema-direita de Marine Le Pen… Com o descrédito generalizado nos partidos políticos … Em que o candidato Emmanuel Macron se emancipa do Partido Socialista, apresentando-se ao eleitorado de forma muito ostensiva e quase obsessiva, como independente, afastado de qualquer partido político e dos únicos defensores da União Europeia…

Os países do norte e centro da Europa, cientes da sua supremacia económica, pensam que podem sobreviver sozinhos, mas estão cada vez mais assustados com o terrorismo, assistindo estupefactos à decadência dos seus grandes partidos políticos, com muitos eleitores com forte tendência para ouvir e experienciar ideias nacionalistas e da extrema-direita…

É uma Alemanha cada vez mais hipócrita e avarenta que nem sequer esconde a sua ganância desmedida, onde a interpretação das ideias capitalistas mais vorazes é levada até às últimas consequências, onde o isolacionismo não é encarado como natural, por meras razões de mercado, porque tem de fazer negócios com os outros para poder continuar a apresentar os seus índices de crescimento económico record no grande mercado mundial…

São os países do leste Europeu muito empenhados em afirmar as suas economias, mas sempre que possível e lhes é conveniente, afirmam os seus interesses e diferenças nacionais para se demarcarem de politicas europeístas…

São os países do sul com maiores problemas com as suas economias, a tentar salvar as suas economias como puderem, do canibalismo das teorias de austeridade e de pretenso desenvolvimento económico impostas por alguns pretensos iluminados ensaístas de conceitos e teorias económicas e financeiras duvidosas, mas explicitamente orientadas para os interesses de alguns países, nomeadamente da Alemanha, e de alguns sectores da economia, em particular a banca, onde a interpretação do capitalismo laissez-faire (“Laisser passer”), puro e duro, é levado à letra, resultando num capitalismo financeiro, dominado por banqueiros sem escrúpulos, aliados de muitos empresários oportunistas, que juntos sobrevivem sempre, com garantia dos políticos reinantes, de total impunidade civil e criminal …

Em conclusão, é como disse, uma Europa a implodir sobre si própria, no descrédito das suas políticas comuns, fielmente interpretadas por políticos eleitos democraticamente, em eleições cada vez mais distantes dos seus eleitores, vazios de qualquer ideologia e de sentido de responsabilidade política… Sem projecto social e económico comum… É um continente atormentado pelo medo do terrorismo… É uma massa de pessoas cada vez mais egoísta, individualista e acrítica, que reage a estímulos imediatos, que exige retorno ou proveito pessoal imediato, nem que seja uma ilusão…

 

O Portugal do pós 25 de Abril de 1974, é um pais de permanentes sobressaltos, dúvidas e incertezas, de equívocos e erros clamorosos, muitos crimes impunes… muitos protagonistas económicos, sociais e políticos sem qualquer responsabilidade pelos seus actos ruinosos …

Como dizia no seu tempo Napoleão Bonaparte – “Nas revoluções há duas espécies de homens: Os que as fazem e os que delas se aproveitam…”

O Portugal pós revolucionário e membro da Comunidade Europeia, é mais do que um equivoco, é um país subjugado pela avidez de muitos, pela ilusão da esmagadora dos seus políticos e eleitores, que juntos, em prole de uma ilusão colectiva de “progresso sustentado” nos inesgotáveis fundos comunitários, sempre acreditaram numa Europa que nunca existiu e se quis formar e crescer como uma Comunidade Europeia, progressista, inovadora, solidária e unida como um todo, uno e indivisível, para enfrentar o mundo global!

A revolução dos cravos devolveu-nos a democracia, a igualdade, liberdade e fraternidade, mas não nos deu cultura de modernidade, maturidade política, para, de imediato, discernir o bom do mau, distinguir os políticos sérios dos demagogos e intrujões, para separar os empreendedores dos meros oportunistas, para prescindir da burocracia por uma ilusão de segurança do sistema, o discernimento necessário para não valorizar o populismo fácil, a serenidade e a elevação moral para não pensar só em nós, mas antes numa comunidade sólida, orientada para valores de progresso, crescimento social e económicos sustentáveis e objectivamente realistas!

Como eu sempre acreditei e afirmo na minha acção do dia-à-dia, a verdadeira revolução está dentro de nós e é essa que nos dá o impulso para as grandes vitórias… As vitórias que fazem e marcam a diferença … As vitórias do bom senso, do realismo, da verdade, da originalidade, da inovação, do progresso, da realização pessoal e comunitária, da afirmação colectiva das comunidades e dos seus protagonistas, de todos como um só!

Eu acredito num Portugal diferente e vencedor, onde o seu povo ganhe a maturidade e cultura política para saber discernir o seu futuro com mais responsabilidade e seriedade, imbuído com os valores de Abril de 1974, que verá florescer uma nova geração de cientistas, investigadores, líderes de opinião, jornalistas, artistas, escritores, empresários, trabalhadores, banqueiros, políticos, eleitores e demais protagonistas da sociedade, cujo objectivo principal seja afirmar o seu pais de forma sustentada na Europa e no mundo, onde a afirmação colectiva seja feita com o sucesso e realização individual de todos, fazendo da soma de vontades e resultados da acção de todos e de cada um, o sucesso deste País que renasceu naquele dia 25 de Abril de 1974.

É também, no Municipalismo português, na sua originalidade empenhada e proximidade aos cidadãos, desburocratizado, ágil, imediato e firme na acção, que eu encontro uma componente muito firme para o sucesso deste país, necessariamente, com autarcas empenhados com o mesmo espírito de progresso sustentado e inovador, onde a criatividade e proximidade com tudo e todos, permite descobrir quem realmente quer mudar, crescer, empreender, tornar as economias locais mais vivas e concorrenciais, explorando todas as potencialidades endógenas dos seus territórios, bem como, dando às suas populações qualidade de vida e segurança, para que essas mesmas comunidades possam florescer e se afirmar na/e com a região, no/e com o país e para o mundo, onde o global é diferente do que é nosso, onde o que é local, é cultural e orgulhosamente nosso e do mundo!

Termino, este meu discurso com um poema intitulado “Pior que não cantar”, de um escritor e artista plástico, percursor do neo-realismo português, de meados do seculo XX, que na simplicidade e realismo da sua escrita, dos seus textos e pinturas, acreditava ser a sua arte, um instrumento de intervenção e de consciencialização dos seus leitores e apreciadores de um “novo humanismo”, sempre subjacente à verdade do indivíduo e às suas dolorosas contradições… Naturalmente, moldado à luz dos ensinamentos do materialismo histórico, secretamente em voga em alguns sectores do meio cultural e intelectual da época…

 

Mais uma vez, o almejado “Homem novo” nascido da revolução e já aqui citado e que acredita e tem a simples consciência que…

 

“Pior que não cantar

é cantar sem saber o que se canta.

Pior que não gritar

é gritar só porque um grito algures se levanta.

Pior que não andar

é ir andando atrás de alguém que manda.

 

Sem amor e sem raiva as bandeiras são pano

que só o vento electriza

em ruidosa confusão         

de engano.

A Revolução

não se burocratiza”

 

- Mário Dionísio, in “Terceira Idade”

 

Viva o 25 de Abril!

Viva as Portuguesas e Portugueses, verdadeiramente livres!

 

 

 

 

Discurso | coligação PPD-PSD / CDS-PP | Aurélio Rocha | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia Municipal

Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal

Ex.mos Senhores Vereadores

Ex.mos Deputados Municipais

Ex.mos Presidentes de Juntas de Freguesia

Ex.mos Senhores Representantes do tecido associativo municipal

Dignissimos Convidados

Caros funcionários da autarquia

Minhas Senhoras e meus Senhores

Permitam-me que as minhas palavras iniciais sejam para partilhar convosco esta pequena reflexão:

Ao longo dos anos tenho tido por tarefa preparar uma intervenção nas comemorações do 25 de Abril e esta é aquela que se me afigura ser mais difícil, Poderá ser apenas por falta de inspiração, ou talvez não.

Esta sessão solene tem lugar num momento de muita dificuldade para Portugal e para os Portugueses, onde obviamente se incluem os Montemorenses.

Continuamos a viver tempos muito difíceis. A palavra «crise», que até há uns meses parecia afastada do discurso político, é agora de novo colocada em cima da mesa como um dado adquirido num futuro próximo.

A crise que todos vivemos não pode ser disfarçada e, num dia como o de hoje, haverá com certeza muitos de nós que se perguntarão se foi este o País que desejavam os obreiros do 25 de Abril de 1974.

Contudo, muito foi conseguido neste percurso de 43 anos. Vive-se em relativa liberdade, pois a plena liberdade é certamente muito difícil de alcançar.

São evidentes os sinais desenvolvimento registados, com destaque para a educação, a saúde, o bem-estar dos cidadãos e aqui temos que destacar o papel relevante do poder local autárquico.

Apesar de todo o empenho para combater a crise, o País continua dominado por notícias do encerramento de fábricas e de empresas que assim deixam de criar emprego e gerar riqueza.

Muitas centenas de trabalhadores e trabalhadoras são lançados no desemprego, apesar do ultimo indicador divulgado sobre esta matéria mencionar que no ultimo ano diminuiu o numero de pessoas sem emprego, mas o que é efectivamente verdade é que ainda estamos muito longe do desejável no que a esta matéria diz respeito.

As previsões económicas divulgadas pelas mais variadas organizações nacionais e internacionais estão ao alcance de todos e não é possível negá-las.

Ao longo dos últimos 43 anos, mas em especial num passado recente, Portugal viu-se privado de quase todo o sector empresarial do estado, o que seguramente nos deixa a todos muito mais pobres e mais vulneráveis no futuro. Ter-se-á hipotecado o futuro de largas gerações vindouras com este tipo de medidas.

O mesmo se passa no sector privado e apenas dou o exemplo da banca. O que outrora era nacional e forte, presentemente é estrangeiro e débil.

Devemos, por isso, aceitar que esta crise leve muitos a interrogarem-se sobre aquilo que o futuro nos reserva.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Neste ano em que se comemora o 43º aniversário do 25 de Abril é também o ano em que os Portugueses irão ser chamados às urnas para mais um acto eleitoral autárquico.

O direito de voto é, sem dúvida, a maior conquista conseguida há 43 anos.

A nosso ver será essencial que os Portugueses, sobretudo os mais jovens, percebam o quanto é importante a sua participação e mobilização na escolha dos seus representantes, através de eleições livres.

Hoje, faço um apelo a todos os cidadãos de Montemor para que participem activamente nas próximas eleições de Outubro. A abstenção, nunca foi, não é e nunca será a solução. Os que se abstêm de votar abdicam do direito de construir um Concelho melhor.

A campanha eleitoral, deseja-se que seja informativa e principalmente esclarecedora e aqui todos teremos um papel importante a desempenhar, quer enquanto candidatos, quer enquanto eleitores.

Votar, como se diz, é um dever cívico, mas é também um acto de elevada responsabilidade. Quem vota deve ser conhecedor dos programas eleitorais apresentados pelas várias candidaturas. O voto deve ser sempre exercido em consciência, sem qualquer tipo de pressão por parte da sociedade.

Por parte das forças partidárias e dos movimentos de cidadãos, deseja-se sobretudo uma atitude, um comportamento, uma forma de estar, que fomente a participação e mobilize os cidadãos para este acto de cidadania.

Consideramos essencial que a próxima campanha decorra com serenidade e elevação. É desejável que sejam discutidos os reais problemas do Concelho, das pessoas, das empresas e não se perca tempo com questões artificiais:

É este o nosso desafio!

Uma campanha sem crispação, em que os adversários se respeitem mutuamente, será efectivamente um grande contributo para a resolução dos problemas de todos os Montemorenses.

Será muito importante que o debate eleitoral se concentre nas dificuldades que o Concelho enfrenta, com os olhos postos num futuro que se quer melhor, sem perder tempo nem energias em recriminações sobre o passado, como ultimamente infelizmente temos vindo a assistir.

Decisões que foram adoptadas anteriormente podem ter sido correctas na conjuntura em que então se vivia, mas não o seriam hoje, da mesma forma que, actualmente, haverá que tomar medidas que não seriam adequadas no passado.

Aquilo que as forças políticas vierem a prometer deverá ter sempre em conta a realidade que vivemos no presente e aquela que prevemos para o futuro. As diversas propostas que vierem a ser apresentadas ao eleitorado desejam-se autênticas e realistas, sem qualquer tentativa de iludir os cidadãos.

Este não é, certamente, o tempo de propostas falaciosas nem de promessas fáceis, que depois não se cumprirão. Devem sim ser apresentadas alternativas consistentes e exequíveis.

Os exercícios da gestão autárquica são avaliadas pelos cidadãos, de quatro em quatro anos, e serão avaliados quer pelas atitudes tomadas, quer por aquilo que fizeram ou deixaram de fazer. É assim a democracia.

É fundamental que a campanha esclareça os eleitores, que a informação possa chegar a todos, em vez de se converter num momento de confrontação verbal em torno de questões que nada dizem àqueles que apenas procuram ter melhores condições de vida e de bem estar social.

Estamos todos já cansados de guerrilhas político-partidárias, que em nada resolvem os nossos problemas do dia-a-dia. Deseja-se, neste momento, uma concentração de esforços na resolução das reais dificuldades das pessoas.

Este será pois um ano de grandes opções.

A pior maneira de lidar com o presente será perder a esperança no futuro e nós não a perderemos nunca. Acreditamos que, se todos se mobilizarem, e tomarem as decisões certas e desejadas, as actuais dificuldades tenderão a ser serão ultrapassadas.

Então sim, seremos dignos daqueles que tiveram a coragem de lutar por aquilo que acreditavam e desejavam: Um País novo e um Futuro melhor. Disse.

 

 

 

 

Discurso | Vereador da CDU | Jorge Camarneiro | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal,

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal,

Exmos. Srs. Deputados Municipais,

Rxmos. Srs. Vereadores,

Exmos. Srs. Presidentes de Junta,

Exmos. Senhores e Senhoras Munícipes

Passam hoje quarenta e três anos desde que o povo português saiu à rua, ao som da música e das palavras “o povo é quem mais ordena…”, de Zeca Afonso.

Nunca noutro momento da nossa História, de guerras e conquistas, perdas e restauração, golpes e contragolpes, massacres, reformas e contra-reformas, o povo foi tão grande e tão espontâneo na sua adesão.

Apoiou incondicionalmente os militares revoltosos e trocou-lhes as balas de todas as ameaças por cravos vermelhos, carinhosamente colocados nos canos das suas metralhadoras; pediu a independência das colónias e o regresso à pátria e às famílias dos nossos soldados; exigiu liberdade para os presos políticos e quase perdoou aos verdugos e carrascos os horrores e humilhações; recebeu entusiasticamente os exilados políticos e confiou incondicionalmente os destinos das suas vidas aos novos protagonistas e oradores das ruas, das rádios e das televisões.

Num instante, o país encheu-se de gente a aprender as primeiras letras, ministradas por milhares de voluntários. Soldados e populares rasgaram caminhos e consertaram estradas. Nos mais recônditos lugares deste país cantou-se a “La Traviatta” e apreciou-se o desempenho dos melhores artistas nacionais, em digressão popular. Constituíram-se milhares de associações desportivas e culturais e foram criadas Comissões de Moradores em muitos bairros e freguesias. Em cada esquina e café discutiu-se política e defenderam-se ideias e ideologias, algumas delas ainda pouco conhecidas e assimiladas, mas sinceras e inocentemente bondosas.

O País parecia ter despertado finalmente dum sonho terrivelmente assustador e querer recuperar o tempo perdido de toda a sua História de 8 séculos.

Mas não perceberam (ou não foram capazes de impedir) os titulares do novo poder revolucionário que, nesse preciso momento, na surdina do pânico, já os poderosos minavam o país e desviavam para o estrangeiro as riquezas, as reservas e as empresas! Enquanto a maioria do povo dava azo ao seu justificado entusiasmo, centenas de zelosos executivos, ao serviço das grandes fortunas da época (afinal, pouco diferentes das actuais!...), transferiam para a Suiça e para o Brasil o dinheiro das empresas e dos depósitos alheios, acautelando no estrangeiro o domínio da propriedade e da riqueza das empresas que em Portugal ficavam, convencendo as organizações internacionais a ignorar o novo poder revolucionário e a retirar-lhe o apoio de que necessitasse.

Foram estas as razões que levaram às dificuldades económicas sentidas em 1975 e à inevitabilidade das nacionalizações que se lhe seguiram.

Paralelamente, também se foram organizando movimentos conspirativos, cá dentro e lá fora, oriundos da França, da Inglaterra, da Alemanha ou dos Estados Unidos, com vista ao suporte e financiamento das forças políticas nacionais que alinhassem as ideias da social-democracia conservadora e da direita europeia mais tradicional.

Tudo em nome dos valores do mercado e da livre concorrência, do anticomunismo e do medo de que o povo tomasse consciência dos seus direitos sobre a coisa pública.

E não se inibiram os inimigos da nova realidade revolucionária portuguesa em recorrer a meios violentos contra o país e os portugueses, tentando impor a lei da bomba e do medo. De norte a sul, foram assaltadas e destruídas sedes dos partidos mais à esquerda, com particular ódio as do PCP, não hesitando em fazer correr o sangue inocente de cidadãos anónimos a quem apenas guiava o sonho de ter um país mais próspero e mais justo!

Enquanto isto, a maioria dos deputados (constituintes) fazia cinicamente de conta que participava na elaboração de uma Constituição progressista, do povo para o povo, com direitos políticos, sociais e económicos nunca antes vistos na Europa Ocidental, a caminho do socialismo!...O direito à Habitação, ao Ensino e Serviços de Saúde gratuitos, a liberdade de expressão e de organização políticas, o direito ao emprego e à protecção social, os direitos das crianças e dos idosos, o acesso às reformas e à cultura, etc., etc., todas as ideias daquele sonho de Abril, ali bem escarrapachadas na Lei Fundamental do País!

Mas não houve nada mais falso – nem o beijo de Judas, no exacto momento em que traía o filho de José!... Ainda os deputados da nação estavam a aprovar a Constituição, já os dirigentes pró-europeus juravam a pés juntos fidelidade aos Srs. Carlucci e Helmut Schmidt e que a coisa não seria para levar a sério ou para cumprir! Uns atirariam a ideologia para a gaveta, os outros tomariam a iniciativa da contra-revolução parlamentar, com a primeira das muitas revisões da Constituição, levada a cabo em 1982. Primeiro, atiraram-se cautelosamente à ideologia e à vertente económica da Constituição, dando pequenos, mas decididos passos, depois, foram-se às liberdades políticas e sociais, mexendo em tudo que cheirasse a estado social e a representação partidária independente das suas, e agora estão a preparar o golpe final na vertente por onde começaram, ou seja, a ideológica, até que não reste qualquer referência aos ideais do 25 de Abril e do Socialismo!

E é este o maior problema do nosso País – a falsidade das promessas dos governantes e dos partidos do poder, e a dificuldade de perceber que os seus arautos são compulsivos em dizer uma coisa em campanha e fazer outra na prática! O povo chama-lhe “mentir”, mas a repetição desmedida das suas promessas por comentadores, donos e mordomos dos órgãos de comunicação social, acaba por voltar a fazer o mesmo povo a nelas acreditar! (Até um dia!...)

Temos um dos países mais atrasados da Europa. Os milhares de milhões de contos que aqui vieram parar nos últimos trinta anos apenas serviram para garantir a permanência dos mesmos senhores do antigamente no poder e reconstituir uma dúzia de grandes fortunas. As diferenças entre o litoral e o interior, as cidades e as aldeias são, talvez, as mais humilhantes de toda a Europa. Em nenhum outro país da União Europeia haverá tão grandes contradições entre os salários dos trabalhadores dependentes e os dos administradores públicos e privados, nem outro país em que tanto se feche os olhos aos rendimentos irregulares! Todos os dias são acusados ou indiciados novos corruptos, não passa semana nenhuma sem um novo escândalo ou a divulgação de detalhes de favores e mordomias. É a lei do desenrasca, a corrupção à mão de cada um!

Durante décadas, foram-nos dizendo que era preciso investir em infraestruturas e defesa da fronteira europeia sem olhar ao endividamento, o que fizemos, comprando máquinas, armas e materiais aos outros países europeus. Depois, disseram-nos que o estado não podia dever tanto dinheiro e impuseram-nos políticas de austeridade que empobreceram ainda mais o povo e o país, ficando à mercê dos ditames do BCE, da EU e do FMI, obrigando-nos a pagar as loucuras de governantes, banqueiros e homens de negócios.

Mas, mesmo com tais contradições, será que foi boa a revolução dos cravos? Boa e profunda? Na minha opinião, foi! De tal modo foi boa e profunda, que ainda hoje os novos senhores do regime desesperam diariamente, em todos os níveis de decisão da administração, para inventar novas formas disfarçadas de castigar o povo e lhe retirar mais rendimentos e direitos. É um poder cobarde e mentiroso o que temos! Recorre à mentira por ser incapaz de dizer abertamente o que realmente quer. Impõe a pobreza e a miséria, se tal lhe der jeito.

O que significa que ainda há muito 25 de Abril para cuidar! Que há muitas coisas boas que foram conseguidas com a revolução e que é necessário defender!

Por exemplo, o Poder Autárquico Democrático, em comemoração dos seus 41 anos. Aqui onde ainda se vai conseguindo alguma representatividade política alargada e relativa proximidade entre aqueles que exercem os cargos e os cidadãos que os elegeram.

A liberdade de expressão, embora a falta de meios suficientes para o seu exercício a tenham vindo a transformar cada vez mais numa vontade de liberdade de expressão.

O Serviço Nacional de Saúde, que, apesar de todos os ataques e da concorrência desleal, continua a prestar um serviço inestimável.

Mas, sobretudo, a grande coragem de muitos milhares de portugueses, trabalhadores e intelectuais, partidos e movimentos políticos desalinhados, sindicatos e colectividades populares, pequenos e médios empresários, homens, jovens e mulheres livres, para quem o 25 de Abril há-de ser sempre um exemplo de entrega altruísta e de vontade de liberdade e de justiça.

VIVA O 25 DE ABRIL!

VIVAM AS IDEIAS DA LIBERDADE E DA JUSTIÇA!

VIVA PORTUGAL!

 

 

 

 

Discurso | Vereadora Independente | Alexandra Ferreira | 25 de Abril de 2017 | Assembleia Municipal

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal,

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal,

Exma. Senhora e Senhores Vereadores,

Exmas. Senhoras e Senhores Deputados Municipais,

Exmos. Senhores Presidentes de Junta,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Portugal era um país onde reinava o medo, a proibição, onde as pessoas não tinham liberdade.

Assim, o 25 de Abril de 1974 é um momento-chave na história de Portugal. Nesse dia viveram-se momentos de imensa ansiedade, coragem e solidariedade.

Sendo este um período da história portuguesa de enorme significado para quem o vivenciou. A criatividade, a responsabilidade cívica e a vontade de participar na vida politica, económica, cultural e social, bem como o acreditar que os problemas e ambições dos outros a todos dizem respeito, traduzem, de facto, as capacidades de um povo que parecia adormecido.

Foi com entusiasmo e com uma intervenção cada vez mais ativa, que cada um procurou transformar Portugal num país novo, com direitos políticos e sociais.

Um pouco por todo o lado, os Portugueses aprenderam a participar, passaram a agir, desenvolveram novas formas do exercício de poder.

Foram muitos os que, pela primeira vez, participaram em manifestações, em reuniões, exercendo o direito à palavra, bem como passaram a constituir diversas associações.

O 25 de Abril deu a oportunidade a todos os cidadãos de conquistarem direitos fundamentais como, a Liberdade, a Solidariedade, a Dignidade Humana, a Justiça Social, o Direito a ter Direitos,…

Ao longo destes anos, Portugal modernizou-se, desenvolveu-se economicamente, passou a integrar um espaço europeu que permitiu maiores e melhores condições de vida, seja ao nível da saúde, educação, cultura e participação cívica.

Passados 43 anos, comemorar Abril é:

- Continuar a defender a nossa Constituição que consagra um conjunto de direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, os princípios essenciais por que se rege o Estado português e as grandes orientações políticas a que os seus órgãos devem obedecer, estabelecendo também as regras de organização do poder político.

- Continuar a transmitir os valores e os ideais de Abril às novas gerações. Assim, desde já enalteço o envolvimento das nossas crianças e jovens nestas comemorações, bem como dos seus professores que se empenharam na elaboração dos belos trabalhos expostos na Galeria Municipal, que demonstram qual o sentimento e a visão dos mesmos sobre este marco da nossa História.

- Ter a capacidade de mobilizar novamente os cidadãos para o debate público e político, contrariando a abstenção eleitoral e o défice de participação cívica que se tem gerado.

- Enaltecer e valorizar todos os nossos cidadãos que compõem as nossas associações locais e instituições particulares de solidariedade social, que com empenho e de forma voluntária participam ativamente no desenvolvimento das suas terras.

- Homenagear o Poder Local enquanto pedra basilar da Democracia Portuguesa, pelo papel que desempenha na promoção do desenvolvimento socioeconómico das regiões.

O Poder Local tem sido, de facto, uma verdadeira escola de cidadania, que tem exercido com eficácia e muitas das vezes com poucos recursos, os problemas e anseios das populações. Foram os Municípios e as Juntas de Freguesia, pela sua proximidade às populações, que através do exercício das suas competências levaram o desenvolvimento a todo o território no campo das infraestruturas básicas.

É igualmente de realçar, o papel das autarquias locais na intervenção social, contribuindo para uma sociedade mais justa e equilibrada. E no caso do Concelho de Montemor-o-Velho em particular, porque entendemos que as pessoas têm de estar sempre no centro das nossas preocupações, procurámos nestes últimos anos reforçar as medidas de apoio social às famílias.

E porque, estamos a poucos meses de terminar este mandato, finalizo, aproveitando este momento solene, para deixar o meu profundo agradecimento e reconhecimento a todos aqueles com quem tive oportunidade de trabalhar ao longo destes anos e que considero, um rosto do Poder Local Democrático:

            - Presidentes da Câmara Municipal

            - Presidentes da Assembleia Municipal

            - Vereadores

            - Deputados Municipais

            - Presidentes de Junta de Freguesia

            - Colaboradores da Autarquia

Uma palavra de apreço a todos, enquanto agentes ativos, e que independentemente das divergências de natureza política e ideológica, têm contribuído com dedicação e competência, para uma melhor qualidade de vida e bem-estar de todos os Montemorenses.

Deram com certeza o melhor de si, para a construção de um Concelho mais desenvolvido, justo e solidário!

Continuemos a honrar a nossa história, mantendo-nos fiel à liberdade conquistada no dia 25 de abril de 1974 e lutando sempre por um Futuro Melhor!

Viva o 25 de Abril!

Viva a Democracia!

Viva Montemor-o-Velho!

Viva Portugal!

 

 

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