Convento de Nossa Senhora do Carmo

Tentúgal

Este convento foi fundado no século XVI, com rendimentos da Confraria de S. Pedro e S. Domingos, legados do Conde de Tentúgal e outros beneméritos, tendo-se as obras prolongado por muito tempo. O seu património foi delapidado com as invasões francesas. Foi extinto em 1834, mas as freiras permaneceram aqui até à morte da última em 1898.

Esta casa monástica tem a sua origem na Confraria de S. Pedro e S. Domingos de Tentúgal. Esta confraria possuía avultada extensão de terras cujos rendimentos eram aplicados na satisfação de obrigações da comunidade (entre elas a celebração de três missas diárias na Ermida com o mesmo nome). O sobejo desses rendimentos eram aplicados em esmolas de géneros e espécies aos mais pobres da vila. Contudo, muitas vezes estas verbas eram aplicadas de forma menos escrupulosa, beneficiando quem não tinha necessidade. Assim, em certa ocasião reuniram-se todos os regedores da Confraria e determinaram, por comum acordo, aplicarem as rendas da Confraria na fundação de um convento de freiras da Ordem de S. Domingos, por ser padroeiro da mesma confraria, com a condição de que se retirasse parte para os pobres, missas e reparação do hospital. Depois deste acordo, pediram ao Papa e a D. Sebastião que deferissem a petição e mandassem passar as suas bulas e provisões, tendo ambos assinado estes documentos.

A data da fundação deste convento é controversa, sendo a mais provável recair no ano de 1565, uma vez que apesar da boa vontade dos irmãos da confraria em fundarem um convento da ordem de S. Domingos, o seu desejo nunca foi realizado. Só mais tarde, algumas pessoas de maior influência de Tentúgal determinaram a fundação de um convento de religiosas do Carmo e por isso solicitaram as bulas papais necessárias. E foi este que foi construído. Os beneméritos lançaram a primeira pedra a 8 de Setembro de 1565, data comemorativa do nascimento de Nossa Senhora, que ficou sua padroeira.

O convento foi edificado na Ermida de S. Pedro e S. Domingos, sendo provável que o primitivo edifício da igreja do convento fosse mesmo esta ermida. A Confraria cedeu a ermida mediante o pagamento de 150 cruzados para edificar a Misericórdia. O Conde de Tentúgal, D. Francisco de Melo, assumiu os direitos de padroado, apresentando as primeiras 15 freiras que iriam ocupar o convento. Estas proveriam outras 15 para perfazer o número de ocupação total do convento. As primeiras religiosas entraram no convento a 8 de Setembro de 1572 (algumas delas vieram do Convento da Esperança de Beja).

A construção e a manutenção desta casa conventual fez-se a expensas das rendas da Confraria, a legados do instituidor, o Conde de Tentúgal, e aos dotes das religiosas que a iam integrando. Apesar disso, as despesas eram muitas e as religiosas viveram com graves dificuldades. Queixaram-se, então, ao Provincial que solicitou a D. Filipe auxílio para elas, o qual, por alvará de 10 de Outubro de 1596, concedeu grandes benefícios em matéria de mantimentos.

Devido à falta de verbas a construção foi irregular e prolongada. O edifício actual é uma reforma do século XVII, significando a data da porta da igreja (1633) e a de 1632 num friso interior o início daquela reforma e principalmente em relação à igreja. A data de 1693, que se via na cruz do remate da ala lateral, deveria corresponder ao fim das obras da parte conventual.

As religiosas viveram sempre com grandes dificuldades, como é exemplo a situação em que se encontravam em 1816: caíram os muros da cerca, tinham entregue todas as preciosidades de ouro e prata que ornavam a igreja para contribuição de guerra, foram despojadas com os roubos das invasões francesas. Consequentemente, pediram ajuda à Duquesa do Cadaval que as isentou do pagamento de alguns impostos e as beneficiou com algumas rendas.

Em 1834, este convento foi extinto conforme decreto governamental, permitindo-se, no entanto, às religiosas a permanência no convento até à morte da última freira, que ocorreu a 18 de Fevereiro de 1898.

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