Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho

Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho

O Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, projetado para acolher as modalidades de canoagem, natação, remo e triatlo, enquadra-se no âmbito do desenvolvimento do alto rendimento desportivo a nível nacional, por via da criação de infraestruturas únicas que, beneficiando das condições ímpares do Baixo Mondego, se revelam num espaço de excelência para o treino e competição a nível internacional. Este padrão de qualidade é um foco primordial de atração de atletas e de adeptos, promovendo a região como destino turístico desportivo ao longo de todo o ano.

O plano de água, com 2000 metros de extensão, 135 metros de largura e 3,5 metros de profundidade, conta ainda com uma pista de retorno, um canal de aquecimento e arrefecimento, um percurso ciclável ao longo dos planos de água, assim como uma via técnica para apoio ao treino, hangares, balneários, ginásio, sauna e salas polivalentes.

O Centro Náutico de Montemor-o-Velho oferece excelentes condições para a prática de canoagem, natação em águas abertas, remo e triatlo ao mais alto nível. A tipologia da pista – classe A –, ótima para situações de treino e prova, faz desta infra-estrutura desportiva um foco de atração de atletas e adeptos do desporto náutico em geral.

Escola Conde Ferreira

Escola Conde Ferreira

Montemor-o-Velho

A 23 de Abril de 1866, a Câmara teve conhecimento que, por ocasião da morte do Conde de Ferreira , este havia deixado “144:000.000 reis para construcção de casas d’eschola na cabeça do concelho”  e “accordou pedir aos testamenteiros a quota respectiva para a construcção da casa da eschola obrigando-se a Camara a dar o terreno para a casa” .

Iniciadas, desde logo, as diligências com o Administrador do Concelho e com o Governo Civil, a 27 de Outubro de 1866 a Câmara recebeu um ofício  deste último a remeter a planta do edifício e a lembrar a obrigatoriedade de construção da escola conforme a mesma, ao que deliberou responder que “[…] se obrigava a fazer a obra projectada conforme a planta […]” . No entanto, apenas a 19 de Janeiro de 1867, é que recebe a confirmação da atribuição de 1:200$000 reis para a construção.

A arquitectura do edifício foi, também ela, claramente definida: uma planta  rectangular, com um telhado de duas águas e cercada por um muro de suporte e gradeamento em ferro com dois portões. A fachada, elemento privilegiado do edifício, era constituída por janelas rectangulares, rodeadas de cantarias, e uma porta principal, sobre a qual existiriam duas epígrafes: “24 de Março de 1866”  e “Conde de Ferreira”  e, acima destas, uma torre sineira. A escola Conde de Ferreira de Montemor-o-Velho, construída segundo este modelo, tinha e tem, por baixo da segunda epígrafe mencionada, a inscrição “ e Câmara Municipal de Montemor-o-Velho ”.

Foi inaugurada a 6 de agosto de 1870. Em 1912, encontrava-se em completa ruína, tendo sofrido obras de grande vulto. Manteve-se em pleno funcionamento até à década de 60 do Século XX, altura em que foi concluída a construção da escola primária, no âmbito do Plano dos Centenários. Ainda hoje, a Escola Conde de Ferreira, mantém a sua funcionalidade educativa, acolhendo, desde 28 de Fevereiro de 1977, o Jardim-de-infância da Associação Fernão Mendes Pinto.

Capela de Santa Ana

Capela de Santa Ana

Vila Nova da Barca

Desconhece-se o motivo da sua fundação, mas a existência das armas da Casa de Aveiro comprovam que terá tido alguma importância. Trata-se de uma construção quadrada, com cúpula e alpendre.

Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Verride

Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Verride

Verride

Tem como titular Nossa Senhora da Conceição. Fundada em data incerta, o seu aspecto actual data das reformas de 1611, de 1868 e 1882, tendo ficado a fachada com vagas linhas de tipo setecentista. Edifício simples composto por capela-mor, arco cruzeiro, dois altares colaterais, três capelas laterais, coro-alto, sacristia, anexos (no século XVII existia uma dependência do lado do Evangelho), torre sineira e dois adros murados.

Tem ainda três capelas laterais: a do Santíssimo Sacramento, muito semelhante à da Senhora da Piedade do Convento dos Anjos (têm um ano de diferença), situada entre a Capela das Almas e o altar colateral da esquerda, obra atribuída a João de Ruão, com a data de 1543, numa pilastra; apresenta abóbada artesoada, simples e elegante, retábulo de pedra mutilado, apresentando apenas o sacrário (século XVIII), de remate em lanternim, acompanhado de dois nichos que abrigam as esculturas de pedra de S. João Baptista e S. João Evangelista. As paredes estão revestidas com azulejos de xadrezado (século XVII) e tem grade de ferro forjado do século XVIII.

Foi dotada com uma esmola de terra no campo por D. Luis Moscoso Osório e sua mulher, D. Catarina Maria. Os seus fundadores estão sepultados na capela, em campa rasa e sem epitáfio.  

Torre sineira, situada à direita do edifício, recuada, composta por quatro ventanas e quatro sinos com mostrador de relógio analógico, remate incaracterístico e tosco, com acesso pelo exterior do edifício. Um dos sinos está assinado: "André de Argos me fez 1797".

Torre do Relógio

Torre do Relógio

Tentúgal

Deve ter sido mandada construir pelo Infante D. Pedro, talvez sobre construção anterior. Foi torre do relógio da Câmara de Tentúgal e actualmente é pertença da Junta de Freguesia. Há autores que afirmam que terá sido a torre de menagem de uma fortificação, o que nos parece pouco provável. Pode é esta ter sido construída no sítio da anterior.

No século XVIII, Luiz Cardoso afirmou que a torre parecia ter servido para observação e que segundo a tradição teria sido edificada pelos mouros. Elogiou ainda a dureza do material utilizado na sua construção, uma vez que apesar das paredes serem delgadas e com uma altura considerável, não apresentava qualquer sinal de deterioração, sustentando dois sinos, um da Câmara e outro do relógio.

Tal como já afirmámos não nos parece muito verosímil esta hipótese. Por outro lado, há quem afirme que a torre fazia parte do castelo ou dos Paços do Concelho. Também segundo a tradição, existem referências a umas estrebarias do Infante D. Pedro, duque de Coimbra, no local onde está o largo (atrás da torre), bem como ter havido ali no século XIX umas casas velhas com uma janela manuelina semelhante à da Quinta do Lapuz. Em 1974, a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais realizou a reparação dos rebocos, da escada e dos refechamentos interiores, assentamento do pavimento e da porta.

Torre quadrada, estreitando na altura, com porta gótica (arco quebrado com arestas chanfradas em triângulo, para a rua principal. No interior tem outra também gótica, entaipada, que confina com as antigas casas da Câmara à altura do 1º andar. No r/c existem ainda vestígios góticos, duas arcarias antigas e alguns tectos abobadados. Um pouco acima da altura dos telhados, há uma janela gótica na parede sul da torre e uma seteira cruciforme. Nas faces surgem ventanas e um relógio. A construção é coroada por quatro merlões.

Solar dos Gavichos

Solar dos Gavichos

Tentúgal

Construído em meados do século XVII por fases. Só assumiria o seu aspecto actual em 1687. No século XIX, o edifício sofreu profundas alterações no interior (tectos de estuque) e na parte de trás (construção de um novo corpo).

A família dos Gavichos pertencia aos Couceiros por varonia e estes constituíam uma das famílias nobres mais antigas de Tentúgal. O primeiro foi Diogo Couceiro, natural do Paço de Coucieyro, solar dos seus maiores, situado no Minho, junto a Regalados e que passou a viver em Tentúgal nos reinados de D. Fernando e D. João I. Os seus filhos, Rui e Bartolomeu Dias Couceiro, foram fidalgos da casa do Infante D. Pedro, Duque de Coimbra. De Rui Dias Couceiro descenderam vários ramos de Couceiros, entre eles um que administrava diferentes vínculos e era proprietário da Ermida de S. Miguel.

Um outro ramo herdou, por aliança, o morgadio de Gavicho, instituído em 1630, por Jorge Lopes Gavicho, familiar do Santo Ofício e homem muito rico na região. Em 1628, era descrito como uma casa nobre de dois pisos, com quinta na parte detrás. Junto tem uma capela de invocação a S. Jorge, mandada construir em 1687, por Manuel Lopes Couceiro que, depois de herdar o morgadio, passou a assinar-se Gavicho, apelido que se transmitiu aos seus descendentes. Os Couceiros, morgados de Gavicho, usaram as armas dos Couceiros e Cunhas.

Construção clássica de dois pisos. A fachada é composta por nove janelas, sendo sete de sacada, no 1º piso, e outras nove no piso térreo, mais pequenas e um pouco recuadas do alinhamento da casa (hoje só se vêem oito porque numa delas foi rasgada uma porta). A ladear a fachada, dois corpos mais altos: no do sul, a capela de S. Jorge e no do norte a entrada principal antiga, hoje sem serventia.

Quinta do Lapuz/Casa da Arieira

Quinta do Lapuz/Casa da Arieira

Tentúgal

Este solar era conhecido como a Casa da Arieira e era residência da família Pereira de Sampaio. Foi mandada construir em 1504 por Diogo Pereira de Sampaio. No entanto, a tradição afirma ter este edifício sido o palácio de D. Sesnando.

Sofreu obras no séc. XVII. Actualmente, está em completa ruína. O primitivo edifício foi mandado construir, em 1504, por Diogo Pereira de Sampaio, primeiro elemento da família Pereira de Sampaio a residir em Tentúgal. Em 1507, já estaria a janela manuelina concluída, conforme a inscrição cronografada.

Em 1551, António Pereira de Sampaio vinculou uma grande extensão de terras (casas e quintais que iam do Pátio de Tentúgal até ao ribeiro) que, ainda em 1944, constituíam a Quinta do Mourão. No séc. XVII, foi reedificado o edifício principal.

Em 1944, estava na posse do Dr. José Gilberto Veloso da Costa. Em 1996, deu entrada no IPPAR de Coimbra o processo de classificação da casa, janela manuelina e jardim.

Casa tipo do séc. XVII, onde se conserva uma janela manuelina. A janela manuelina tem duplo lume, com mainel central separando dois arcos no centro, enquadrados exteriormente por um arco conopial decorado com troncos, limitando um losango onde se insere uma rosa Tudor. Os pés direitos apresentam decoração geometrizante de grande qualidade estilística. Vê-se uma inscrição, em caracteres góticos, já muito apagados, onde se pode ler: "Joha (o) Alvarez me fez e seo irmao pedralvarez em 1507".

Paço dos Condes de Tentúgal / dos Duques do Cadaval

Paço dos Condes de Tentúgal / dos Duques do Cadaval

Tentúgal

Situado ao fim da vila, em frente à Vala Real. Inseria-se numa grande quinta com muitas geiras de terra, integrada nos Campos do Mondego. Do lado direito da quinta, existia uma eira (com 100 m de comprimento por 60 m de largura), onde, em tempos idos, se granjeava não só o milho, como se procedia à secagem dos dízimos. Actualmente, este local está ocupado por uma vinha.

Mandado construir, provavelmente, pelo Infante D. Pedro. No século XVIII, já estava abandonado e no seguinte foi incendiado pelos liberais. Foi novamente reedificado, perdendo as características primitivas.

Hoje, está novamente votado ao abandono. É anterior a 1476, o que se confirma pela troca efectuada entre o príncipe D. João e D. Álvaro, a 28 de Julho desse ano, pois nela se faz referência aos "paços, casas e celeiros". É possível que tivesse sido mandado construir por D. Pedro, Duque de Coimbra, para sua residência.

Já se encontrava em ruínas quando se fizeram as Memórias Paroquiais de 1721. Foi incendiado pelos liberais de Coimbra em 1834. Foi, depois, reedificado, tendo adquirido o seu actual aspecto, não respeitando a primitiva traça exterior, cujas cantarias das janelas e portas eram góticas.

A fachada do seu grande celeiro (80 m de comprimento por 25 m de largura), que se destacava ao fundo da eira, mantém, ainda uma porta lateral alpendrada (portal fechado formado por duas colunas sobrepostas por dois colunelos) e uma grande janela do século XVII, encimada pela pedra de armas: uma cruz, carregada com cinco escudetes das quinas de Portugal e acompanhada por quatro cruzes florenciadas; como timbre tinha um cavalo. O interior é formado por três naves, divididas por duas séries de 13 arcos apoiados em colunas dóricas de cantaria, ligadas por arcos de volta perfeita. Dá acesso ao pátio nobre uma rua central ensombrada por buxos arbóreos, que tem, por fundo, o Paço, apenas embelezado por umas janelas lisas em ogiva e as chaminés exteriores, que lhe imprimem curiosos efeitos decorativos.

São ainda visíveis os largos arcos do plano térreo, as arcadas do pátio e a varanda com colunas de mármore branco com capitéis de folhas decoradas com motivos importados da Andaluzia. À esquerda, erguem-se as paredes que restam da capela gótica, de invocação a S. Miguel, cujo pórtico, também em ogiva, é uma cópia fiel do da igreja matriz. A sua altura é fora do comum e as empenas muito inclinadas.

Possui corpo e capela-mor. A porta compõe-se de finas molduras que seguem nos arcos e o traçado do arco equilátero, pequeno óculo superior de molduras.

Possui a nave duas portas travessas, simples e chanfradas e tem duas portas menores no coro alto de madeira. Todas as aberturas são de arco quebrado, quase equilátero com excepção da porta principal e é de arestas chanfradas.

Igreja da Misericórdia de Tentúgal

Igreja da Misericórdia de Tentúgal

Tentúgal

A Misericórdia deve a sua fundação a D. Filipe I, por Alvará datado de 1583. Por este documento estipulava-se a anexação da Irmandade de S. Pedro e S. Domingos e o hospital que esta administrava à Misericórdia. Foi este mesmo monarca que mandou edificar a igreja. Seguia assim a corrente que desde D. Manuel vinha sendo adoptada.

É curioso notar que Tentúgal foi das poucas vilas, em cuja Câmara, em 1580, se proclamou Rei a D. António Prior do Crato, apesar de D. Filipe I ter mandado construir a Misericórdia e ter concedido grandes privilégios ao Convento. As obras da Igreja começaram pela fachada por volta de 1583, data dos primeiros pagamentos a pedreiros para abrirem os alicerces, bem como carregamentos de pedra de Portunhos e de Ançã. Estas obras prolongaram-se por algum tempo e, ainda em 1587/88, Manuel Fernandes trabalhava na empena do portal (esta foi posteriormente alterada, sofrendo remodelações no século XVIII). Em 1592, foi paga a Francisco Rodrigues a pia de água benta e em 1595 despesas com a construção da sacristia.

O retábulo principal, também da autoria de Tomé Velho, estava concluído em 1600. Em 1687/94 foi construída a tribuna dos mesários, obra de Francisco Rodrigues e em 1722 foi renovada a torre e certamente o alto da frontaria. Em 1914, ocorreram obras na Igreja, ficando profanada e daí a necessidade de a benzer. A licença e Provisão de benção foi concedida a 24 de Março de 1914 assinada pelo conego Rui de Andrade.

O arco existente entre a Igreja e a Casa do Despacho (entaipado) é anterior à extinção dos vínculos (1863) e dava serventia para os edifícios do beco. Os Monumentos Nacionais intervieram na Igreja por diversas vezes: em 1979, reconstruíram a cobertura em pré-esforçado; em 1981, repararam o tecto e fachadas; e em 1986/87, realizaram obras de beneficiação (conclusão do restauro).

Convento de Nossa Senhora do Carmo

Convento de Nossa Senhora do Carmo

Tentúgal

Este convento foi fundado no século XVI, com rendimentos da Confraria de S. Pedro e S. Domingos, legados do Conde de Tentúgal e outros beneméritos, tendo-se as obras prolongado por muito tempo. O seu património foi delapidado com as invasões francesas. Foi extinto em 1834, mas as freiras permaneceram aqui até à morte da última em 1898.

Esta casa monástica tem a sua origem na Confraria de S. Pedro e S. Domingos de Tentúgal. Esta confraria possuía avultada extensão de terras cujos rendimentos eram aplicados na satisfação de obrigações da comunidade (entre elas a celebração de três missas diárias na Ermida com o mesmo nome). O sobejo desses rendimentos eram aplicados em esmolas de géneros e espécies aos mais pobres da vila. Contudo, muitas vezes estas verbas eram aplicadas de forma menos escrupulosa, beneficiando quem não tinha necessidade. Assim, em certa ocasião reuniram-se todos os regedores da Confraria e determinaram, por comum acordo, aplicarem as rendas da Confraria na fundação de um convento de freiras da Ordem de S. Domingos, por ser padroeiro da mesma confraria, com a condição de que se retirasse parte para os pobres, missas e reparação do hospital. Depois deste acordo, pediram ao Papa e a D. Sebastião que deferissem a petição e mandassem passar as suas bulas e provisões, tendo ambos assinado estes documentos.

A data da fundação deste convento é controversa, sendo a mais provável recair no ano de 1565, uma vez que apesar da boa vontade dos irmãos da confraria em fundarem um convento da ordem de S. Domingos, o seu desejo nunca foi realizado. Só mais tarde, algumas pessoas de maior influência de Tentúgal determinaram a fundação de um convento de religiosas do Carmo e por isso solicitaram as bulas papais necessárias. E foi este que foi construído. Os beneméritos lançaram a primeira pedra a 8 de Setembro de 1565, data comemorativa do nascimento de Nossa Senhora, que ficou sua padroeira.

O convento foi edificado na Ermida de S. Pedro e S. Domingos, sendo provável que o primitivo edifício da igreja do convento fosse mesmo esta ermida. A Confraria cedeu a ermida mediante o pagamento de 150 cruzados para edificar a Misericórdia. O Conde de Tentúgal, D. Francisco de Melo, assumiu os direitos de padroado, apresentando as primeiras 15 freiras que iriam ocupar o convento. Estas proveriam outras 15 para perfazer o número de ocupação total do convento. As primeiras religiosas entraram no convento a 8 de Setembro de 1572 (algumas delas vieram do Convento da Esperança de Beja).

A construção e a manutenção desta casa conventual fez-se a expensas das rendas da Confraria, a legados do instituidor, o Conde de Tentúgal, e aos dotes das religiosas que a iam integrando. Apesar disso, as despesas eram muitas e as religiosas viveram com graves dificuldades. Queixaram-se, então, ao Provincial que solicitou a D. Filipe auxílio para elas, o qual, por alvará de 10 de Outubro de 1596, concedeu grandes benefícios em matéria de mantimentos.

Devido à falta de verbas a construção foi irregular e prolongada. O edifício actual é uma reforma do século XVII, significando a data da porta da igreja (1633) e a de 1632 num friso interior o início daquela reforma e principalmente em relação à igreja. A data de 1693, que se via na cruz do remate da ala lateral, deveria corresponder ao fim das obras da parte conventual.

As religiosas viveram sempre com grandes dificuldades, como é exemplo a situação em que se encontravam em 1816: caíram os muros da cerca, tinham entregue todas as preciosidades de ouro e prata que ornavam a igreja para contribuição de guerra, foram despojadas com os roubos das invasões francesas. Consequentemente, pediram ajuda à Duquesa do Cadaval que as isentou do pagamento de alguns impostos e as beneficiou com algumas rendas.

Em 1834, este convento foi extinto conforme decreto governamental, permitindo-se, no entanto, às religiosas a permanência no convento até à morte da última freira, que ocorreu a 18 de Fevereiro de 1898.

Capela de S. Jorge

Capela de S. Jorge

Tentúgal

Foi mandada construir em 1687 pelo Dr. Manuel Lopes Gavicho, com licença do Bispo-Conde D. João de Mello. A primeira missa realizou-se a 25 de Junho de 1687. Desconhece-se em que altura foi desmantelada, bem como o paradeiro das imagens e retábulo que aí existiam.

Em dia do Corpo de Deus, fazia-se, às custas do morgado, uma procissão com S. Jorge a cavalo. Um único membro da família foi baptisado nesta capela, segundo os livros paroquiais da vila. Efectuou-se o baptismo a 20 de Fevereiro de 1786 e celebrou o acto o Reverendo Padre Frei António de S. Tiago Botelho, monge de S. Jerónimo. A criança recebeu o nome de Jorge, santo padroeiro da casa, e era filho primogénito de João António Lopes Gavicho de Amorim Pessoa, senhor do morgado, e de sua mulher D. Maria Isabel de Moura Ravasco Manuel, senhora de outro morgado.

Contígua ao Solar dos Gavichos, tem corpo quadrado de pequenas dimensões, com sacristia. Tinha campanário com sino, desparecidos. Tinha entrada pelo interior e pelo exterior, apenas esta última se mantém porque foi colocada uma parede pelo lado interior. Encontra-se totalmente vazia, sem qualquer elemento artístico.

Tinha um retábulo de talha dourada muito rica com quatro painéis pintados e uma imagem de S. Jorge matamdo o dragão. Para além disso, possuía ainda várias imagens de pedra do século XVII. Para a capela davam duas janelas interiores, uma na parede poente, com cercadura de pedra sem balcão, e outra na parede norte, com varanda de madeira, que serviam para os senhores da casa ouvirem missa. Estas janelas encontram-se actualmente tapadas por uma parede que impede o acesso interior à capela. Na sacristia existia um lavabo de pedra, também do século XVII, que foi colocado na parede de uma das salas da casa.

Capela de Nossa Senhora dos Olivais

Capela de Nossa Senhora dos Olivais

Tentúgal

Localizada a 1 km ao Norte da vila. Construção de dimensões razoáveis, conserva, no seu interior, a traça da sua reconstrução quinhentista (tecto de pedra abobadado, com caixotões simples, altares e retábulos também de pedra. Na frontaria, uma reconstrução pouco adequada realizada no século XIX, retirou-lhe o aspecto antigo, conservando as colunas que pertenciam ao alpendre.

Foi edificada inicialmente com o orago de Nossa Senhora da Encarnação, na 2ª metade do século XVI. Por volta de 1550, Nossa Senhora dos Olivais passou a ser a sua padroeira. Sofreu algumas reformas nos séculos seguintes, sendo a mais visível a do século XIX. Aqui se faziam várias romarias.

O motivo da substituição de orago foi apresentado por Frei Agostinho de Santa Maria em 1712: por volta de 1550 andava certa pastorinha, um dia, por aqueles olivais, que davam fraco pasto, a apascentar as suas ovelhas. Aparece-lhe Nossa Senhora a ordenar-lhe que fosse à vila e dissesse aos moradores que a Mãe de Deus lhe aparecera e que a fossem buscar. A pastorinha cumpriu a missão e trouxe muito povo, que viu a imagem da Virgem, mas não lhe tocou, por medo e respeito. Foram de seguida dar parte à gente grada e ao pároco, que com eles vieram, substituindo Nossa Senhora da Encarnação pela nova imagem que, como a ermida, passou a ser designada por Nossa Senhora dos Olivais. Mas parece que a nova padroeira não terá ficado satisfeita com a resolução, porque fugiu três vezes, sendo outras tantas conduzida para a Capela. Da última vez trouxeram-na com um bocado de terra dos olivais e a Virgem, condoída do bom povo, manteve-se ali, onde tem sido pródiga de milagres.

A esta Ermida faz-se anualmente uma romaria: "Senhora dos Olivais / tem olival em poisio / se este ano está de relva / para o ano dará trigo". A Festa da Senhora celebra-se no último domingo de Abril com grande solenidade. No mesmo dia realiza-se (?) uma feira franca no largo ao pé da capela. Esta Ermida teve uma Confraria em que o juiz era sempre um eclesiástico. Foram seus confrades grandes personagens do Reino, como os Senhores da Casa de Ferreira, o Conde de Cantanhede com toda a sua família.

A Confraria de Nossa Senhora da Anunciação foi fundada por mancebos solteiros, clérigos e mais gente isenta da obrigação do matrimónio. A Confraria de S. João Baptista foi incorporada nesta para juntar os parcos rendimentos de ambas. Inicialmente, pensava-se que a C. de N. Sª da Anunciação tinha sido instituída em 1583, nesta Capela, na última oitava da Páscoa e confirmada pelo Sumo Pontífice Gregória XIII pela Bula Gratiae, que foi publicada na Igreja Matriz no último domingo de Setembro de 1584. Os Estatutos foram confirmados pelo Dr. Antonio Velho a 20 de Dezembro do mesmo ano e decretavam que a Confraria não podia ser administrada por homem casado.

Referiam ainda um costume antigo: na última oitava da Páscoa o povo ia em procissão à Ermida onde se realizava uma missa; no entanto como esta festa não se podia realizar com solenidade por ser altura da Quaresma, a festa passava para o domingo a seguir à Páscoa. A 22 de Abril de 1585, os Mordomos constituíram e decretaram novos Estatutos. No entanto, um documento entretanto encontrado prova que esta Confraria foi fundada em 1555 e a de S. João Baptista é que foi instituída em 1584. As obrigações na forma do Compromisso eram: festa de N. Sª da An. no último domingo de Abril de cada ano, com missa cantada, sermão e procissão solene da Matriz para a Capela, realizada no sábado antecedente. O mesmo deveria acontecer na véspera de S. João, com o compromisso de não se gastar dinheiro da confraria em comida. No dia de S. José, missa solene, com sermão na Ermida; o mesmo em dia de Santo Amaro; uma missa rezada todos os sábados de cada ano por intenção dos confrades vivos e defuntos e um aniversário depois da festa principal de Abril, logo na 2ª feira seguinte, pelos irmãos defuntos.

O Príncipe Regente D. João, a 20 de Setembro de 1804, mandou anexar estas duas confrarias à do Santíssimo Sacramento da Igreja Matriz, para que se pudesse conservar o culto, uma vez que os bens destas confrarias tinham sido há muitos anos, por lei, aforados a diversos, o que ocasionava uma diminuição de rendimento, impossibilitando a vida autónoma de cada uma delas.

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