Montemor-o-Velho foi, mais uma vez, palco de ensaios de campo para estudar o comportamento do fogo. Com coordenação do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI), os testes realizados visaram recolher informações no âmbito de cinco projetos de investigação em que a equipa da ADAI está envolvida.
De acordo com o responsável pelo laboratório da ADAI, Domingos Xavier Viegas, para além das condições de excelência, não apenas no que diz respeito à segurança, mas também ao terreno, plano, de grande extensão e com vegetação uniforme, permitindo fazer ensaios de propagação do fogo em condições apenas dependentes do vento ou da ignição, a realização destes ensaios em Montemor-o-Velho deve-se também "ao apoio e interesse que temos tido por parte da Câmara Municipal, sempre disponível para colaborar nos nossos projetos".
Os investigadores estiveram em Montemor-o-Velho a ensaiar o projeto da Agulheta Autoportante (SAP), em que um drone com uma mangueira acoplada faz o ataque ao fogo a uma distância segura em relação à frente de fogo. Este inovador equipamento, que permite que os operadores estejam seguros e a combater o fogo, está a ser desenvolvido pela ADAI, Jacinto (que lidera o estudo) e Sleeklab e é financiado pela Agência Nacional de Inovação.
Também a propagação de fogos em condições extremas foi alvo de testes no seguimento do projeto Firestorm, financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia, que envolve a ADAI, o IPMA, a Universidade de Aveiro e a Universidade de Lisboa, que procura identificar as condições climáticas e meteorológicas associadas a estes eventos extremos de fogo.
Durante os ensaios foi ainda estudada a acumulação do sinal de rádio, das ondas eletromagnéticas, devido à presença de fogo, para avaliar de que forma o fogo afeta as comunicações, tendo sido testadas frequências iguais à do sistema SIRESP. Este projeto, financiado pela Fundação Ciência e Tecnologia, está a ser desenvolvido pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria.
Em teste esteve ainda a Interfacesegura, para estudar a propagação de fogos na interface urbano-florestal.
A preparação dos talhões para os ensaios foi efetuada por um robot desenvolvido pela ADAI, em conjunto com a Canegie Mellon University, a Ingeniarius e o Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra. Ainda em fase de desenvolvimento, este robot semiautónomo vai permitir uma redução dos custos associados à manutenção da floresta, nomeadamente na limpeza das faixas de gestão utilizadas como barreira de combustível.